A partir de março a história do futebol feminino brasileiro começa a mudar. Vem aí o novo Brasileirão, com 16 clubes na Série A e outros 16 na B. Toda a competição terá o apoio da CBF, que vai pagar as passagens aéreas, hospedagem e alimentação dos times, além de cotas de R$ 10 mil por partida para gastos com o jogo e R$ 5 mil para a equipe visitante. O campeão vai levar R$ 120 mil, e o vice, R$ 60 mil.
Serão dois grupos de oito, e jogarão todos contra todos em turno e returno dentro das chaves, e os quatro melhores colocados de cada grupo avançarão para as quartas de finais. A partir daí, mata-mata em ida e volta até a final. Cada time entrará em campo no mínimo 14 vezes, e o campeonato vai até outubro. A grande novidade deste ano será a presença de alguns clubes tradicionais. Estão confirmados Grêmio, Flamengo, Corinthians, Santos, Vitória, Ponte Preta e Sport. Esta mudança radical que veremos por aqui é uma recomendação da Fifa para o avanço do esporte. A partir de 2019, quem não tiver time feminino disputando competições nacionais estará proibido de participar da Libertadores entre os homens.
Leia mais:
Nico López aquece o motor na briga pela titularidade no Inter de Zago
Aylon lamenta briga entre torcedores do Inter: "A gente fica com vergonha"
Walace manda recado para a torcida do Grêmio: "Não é uma despedida, mas um até logo"
Esta exigência está no novo regulamento de licenciamento de clubes da CBF. Por enquanto, dos grandes do Brasil, apenas os sete acima vão jogar este ano. Os demais participantes são clubes de menor expressão. Mas todos terão que se adaptar, é um caminho sem volta. A estimativa é de que seja possível montar uma equipe razoável com apenas 5% do que é gasto entre os homens. Claro que o caminho é muito longo. Para se ter quantidade e qualidade de jogadoras por aqui, é necessário muito mais. O processo de formação começa no descobrimento da atleta, passagem por categorias de base, até chegar a um time profissional. Não temos quase nada. Somente agora teremos um campeonato brasileiro aceitável.
Nos EUA e na Europa, as condições para o desenvolvimento são muito superiores. Apesar disso, ainda temos uma história de bons resultados com a seleção brasileira. Foram duas medalhas de prata em Jogos Olímpicos e um vice-campeonato mundial. A mobilização nacional em torno da seleção na última Olimpíada foi marcante, apesar do quarto lugar. A partir de agora, com os grandes clubes brasileiros, com suas imensas torcidas, inseridos no projeto, talvez seja possível imaginar algo maior. No futuro não teremos Marta, mas poderemos ter algo até mais importante: estrutura para o surgimento de outras grandes jogadoras.