Que era mais que uma partida de futebol já estava escrito muito antes de a bola rolar na Arena Condá. O duelo de sábado, entre Chapecoense e Palmeiras, foi o jogo para Chapecó dar um abraço simbólico no clube, marcando o reinício de uma trajetória que já encheu Santa Catarina de orgulho. O duelo também serviu para o Verdão mostrar que não abaixará a cabeça diante da adversidade. Mesmo que o resultado não fosse o mais importante do dia, o empate por 2 a 2 com o atual campeão brasileiro mostrou que esta equipe tem algumas virtudes e um futuro promissor e otimista pela frente.
Obstáculos não faltaram no caminho da Chape: remontar um time inteiro de um ano para o outro e buscar o entrosamento do grupo em apenas duas semanas de trabalho são alguns exemplos. Mas nesta luta contra o tempo, o Verdão deixou uma primeira impressão positiva. Quem esteve na Arena Condá ou acompanhou pela televisão ficou animado.
– O que me chamou muito a atenção no time foi a vontade. Deu para ver que é uma marca desse time. Não tinha bola perdida. Não sei se foi uma exceção, por ter sido o primeiro jogo e pela carga emocional, mas foi algo que impressionou – analisa o jornalista Rodrigo Goulart, que acompanha o dia a dia do clube de perto pela rádio Chapecó e pelo jornal Diário do Iguaçu.
Sintoma da falta de entrosamento, a Chapecoense saiu atrás no placar com 11 minutos de jogo, quando Raphael Veiga fez pelo Palmeiras. Mas o resiliente Verdão do Oeste deixou tudo igual com Douglas Grolli, três minutos depois. O primeiro gol da nova Chape foi marcado justamente por um atleta formado no clube, que retornou para ajudar na reconstrução. Na segunda etapa, Amaral, de cabeça, virou o placar para o time da casa. E a festa em Chapecó só não foi maior porque Vitinho, com um belo chute da entrada da área, fechou o placar em 2 a 2. Justo pelo que se viu em campo.
– De um modo geral, gostei muito do primeiro jogo. Alguns atletas se destacaram mais, mas ninguém foi mal. De início, dá para dizer que a Chapecoense tem dois bons goleiros, o Elias e o Artur. Vai ser uma briga muito boa. Os atacantes de lado, o Rossi e o Niltinho, também foram bem. Não tem bola perdida com eles. No meio, o Andrei Girotto mostrou que é um atleta que tem força, mas também consegue fazer o time andar – completa Goulart.
Destaques individuais e margem para crescer
Nos 90 minutos de partida, a Chapecoense utilizou 24 jogadores. Como esse foi o único teste que o time fez antes da estreia oficial – marcada para quinta-feira, contra o Joinville, pela Primeira Liga –, o técnico Vagner Mancini aproveitou para rodar o elenco e dar ritmo de jogo os atletas. Apesar da troca constante, principalmente na segunda etapa, alguns destaques individuais chamaram a atenção do jornalista Rodrigo Faraco, que trabalha em veículos da RBS SC.
– Eu vejo que a qualidade dos jogadores, individualmente, está acima da média no cenário estadual. O Reinaldo é um lateral que foi bem na Ponte Preta. O João Pedro foi vice-campeão mundial com a seleção sub-20. O Andrei Girotto já fez gol de título pelo Palmeiras. São jogadores que têm qualidade, mas ainda é preciso encontrar o conjunto. Dá para falar, de forma otimista, que mesmo ainda não tendo este espírito de time, vai entrar forte no Catarinense – comenta.
Como o primeiro jogo do ano geralmente é o mais difícil, já que os atletas estão retornando de férias e o time ainda não encontrou o nível de condicionamento físico ideal, há muita margem para evolução. Este é o pensamento do técnico Vagner Mancini.
– Temos que elogiar aqueles que começaram a partida e os que entraram. Não é fácil enfrentar o campeão brasileiro depois de 15 dias de treinamento. É um time que vai melhorar durante o ano – destaca o treinador.