Apesar do trauma de perder dezenas de vidas, entre elas 19 jogadores e comissão técnica, a Chapecoense deu o primeiro passo para “recomeçar das cinzas”, como disse o dirigente do clube, Plínio David De Nês Filho, na sexta-feira. Em coletiva de imprensa, a diretoria apresentou Vagner Mancini como o novo técnico do time. O paulista já foi campeão da Copa do Brasil em 2005 pelo Paulista e treinou o Vitória nos últimos dois anos.
Depois de um minuto de silêncio pelas vítimas do acidente aéreo em 29 de novembro, o presidente do clube, Ivan Tozzo, destacou que inicialmente o foco principal foi o atendimento às famílias e que, a partir de agora, se passa a falar de futebol.
Além do técnico, foram anunciados o diretor-executivo Rui Costa, o diretor de futebol João Carlos Maringá, que retorna à Chape, e o preparador físico Marcos Cézar. O ex-goleiro Nivaldo já tinha sido anunciado no início da semana como gerente de futebol.
– Vimos nessas pessoas o brilho dos que querem se integrar à nossa comunidade – disse Plínio.
Ele destacou ainda que a escolha foi calcada no padrão regional e pelo vigor do treinador. Tozzo acrescentou que a meta foi colocar pessoas identificadas com o clube.
Torcida está muito maior, diz técnico
No início da semana, Levir Culpi, que deixou o Fluminense em novembro, chegou a se oferecer para treinar a Chape de graça até o final do Campeonato Catarinense 2017, em maio, o que foi descartado pela diretoria na sexta-feira. Vagner Mancini disse estar muito feliz por ser o escolhido e destacou o poder do clube.
– A Chapecoense não está restrita a Chapecó. Hoje é uma marca mundial. O nome é muito maior. A torcida é muito maior. Que a gente possa montar um time com a característica e com a cara do clube – disse.
Em sua primeira fala como diretor de futebol, Luiz Carlos Maringá afirmou que fará o que estiver ao alcance para que o time tenha bons resultados em 2017.
O diretor Rui Costa acredita que a Chape precisa ser ágil neste momento na montagem do time, mas sem perder a identidade do clube.
Vagner Mancini, técnico
Campeão da Copa do Brasil de 2005 treinando o Paulista, de Jundiaí, Vagner Mancini, que como jogador foi campeão da Libertadores de 1995 pelo Grêmio, também rodou por diversos times antes de assumir a Chape. Foi vice-campeão paulista de 2009 pelo Santos. Um ano antes, em 2008, foi campeão baiano pelo Vitória. Outro título estadual conquistado pelo paulista foi o campeonato cearense de 2011, pelo Ceará. Aos 50 anos, Mancini já treinou também Vasco, Botafogo, Grêmio, Atlético Paranaense, Cruzeiro e Sport de Recife, entre outros.
Rui Costa, diretor-executivo
O nome de Rui Costa no futebol ganhou força no Grêmio, onde ele atuou como executivo entre novembro de 2012 e maio deste ano, quando foi demitido após a eliminação do clube na Libertadores. Apesar de não ter sido campeão durante sua passagem pelo time gaúcho, garantiu duas vagas à Libertadores via Campeonato Brasileiro. Gaúcho, Rui participou do lançamento de algumas promessas que agora estão consolidadas no Grêmio, o volante Wallace e o atacante Luan, campeões olímpicos pela Seleção Brasileira.
João Carlos Maringá, diretor de futebol
João Carlos Maringá se sente em casa na Arena Condá. Já atuou como jogador, técnico e dirigente da Chapecoense. Durante os quatro anos em que foi dirigente participou de acessos da Chape, na escalada da equipe da Série D para a Série A. Entre 2015 e 2016, Maringá foi superintendente de futebol do Joinville. Se afastou do cargo porque a mulher estava com câncer, doença que a vitimou um dia antes da queda do avião da LaMia que matou muitos de seus amigos.
Nivaldo, gerente de futebol
Outro que é de casa. Aos 42 anos, há duas semanas ainda era atleta profissional, função que se aposentou após a tragédia na Colômbia, a qual não embarcou somente pelo limite de atletas na Sul-Americana – ele estava como terceiro goleiro. Defende a Chape desde 2006, e participou de todos os acessos como goleiro titular do time. É um dos maiores ídolos do clube e vinha sendo moldado para assumir a função que teve que aceitar às pressas. Pelo Verdão do Oeste, foi campeão catarinense em 2007, 2011 e 2016. É também campeão da Copa Sul-Americana deste ano.
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