Ídolo do Torino e titular absoluto da seleção italiana com apenas 22 anos, Andrea "Il Gallo" Belotti perpetua a tradição dos grandes centroavantes do "Calcio" e já é alvo da cobiça de gigantes europeus. A cada gol, é o mesmo ritual: com a mão aberta, ele desenha em cima da cabeça uma crista de galo, homenagem ao amigo de infância Juri Gallo e para lembrar as brincadeiras no galinheiro da tia, perto de Bergamo.
Essa celebração já foi vista 11 vezes desde o início da temporada e outras 11 no segundo turno da última edição da Série A italiana. O galo artilheiro pode se tornar uma galinha dos ovos de ouro: no dia 4 de dezembro, seu contrato com o Torino foi renovado até 2021, com multa rescisória de 100 milhões de euros.
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Para o presidente do clube de Turim, Urbano Cairo, esse valor está longe de ser um exagero.
– É isso que ele vale mesmo. E não ficaria nada feliz se alguém colocasse esses 100 milhões na mesa para tirá-lo daqui. Prefiro mantê-lo conosco – afirmou o dirigente.
O jogador, por sua vez, prometeu "devolver essa confiança ao dar o máximo a cada jogo e cada treinamento".
Uma promessa que vem cumprindo com muita garra. Belotti é o jogador que mais sofreu faltas nesta edição do Campeonato Italiano.
Em novembro, ele sofreu um corte no supercílio que o levou a disputar alguns jogos com olho roxo e curativo.
Com visual de boxeador, ombros largos e postura levemente curvada, o galo do Torino não é o atacante mais elegante da Itália, longe do estilo de artistas do passado, como Roberto Baggio ou Alessandro Del Piero.
Não é o mais habilidoso, nem o mais rápido, longe disso. Longe dos padrões do futebol moderno, ele é o camisa 9 clássico, que se destaca com a qualidade de posicionamento, a força física nas divididas, além do chute forte. Tudo isso aliado a uma espécie de sexto sentido, o faro de gol.
– Não dá para parar de fazer gol em nenhum momento, nem nos treinos. É preciso criar um vínculo visceral com o gol. O goleiro é o inimigo que pode destruir esse vínculo – filosofou o jovem atacante. – Não tem um tipo de gol que me deixe mais feliz que outro. Seja de bunda ou de bicicleta, a alegria é sempre a mesma.
Além da cobiça de grandes clubes europeus, o talento de Belotti abriu as portas da seleção italiana, comandada por Giampiero Ventura, que foi justamente seu treinador no Torino na temporada passada. O faro de gol continua intacto com a Azzurra, com três gols e uma assistência em cinco jogos, três deles como titular.
Sem contar com grandes atacantes nos últimos anos, muitos italianos consideram Bellotti o melhor camisa 9 do país desde Luca Toni, campeão mundial em 2006. É verdade que a concorrência não é das mais fortes: Graziano Pellé foi jogar no futebol chinês, Simone Zaza é reserva no West Ham e Mario Balotelli continua barrado por Ventura apesar do renascimento com a camisa do Nice.
Se continuar nesse ritmo, o galo não vai parar de cantar tão cedo.
*AFP