O histórico triunfo por 3 a 0 que o Kashima Antlers aplicou sobre o Atlético Nacional, nesta quarta-feira, pela semifinal do Mundial de Clubes, ganhou dimensões internacionais também graças à interferência da arbitragem. O primeiro gol, marcado por Doi, aconteceu após o árbitro Viktor Kassai (Fifa/Hungria) assinalar um pênalti graças ao auxílio do recurso tecnológico.
Porém, o lance, inédito na história do torneio, rendeu uma polêmica que correu o mundo, pois, no início da jogada, Nisshii Daigo voltava em impedimento. Representante da Conmebol no Ifab e Instrutor Técnico da Escola Nacional de Arbitragem, Manoel Serapião Filho admitiu falta de orientação de quem realizou o uso tecnológico, mas não crê em uma retrocesso:
– Pode servir como uma grande lição. Foi um erro inaceitável, e talvez o árbitro de vídeo não tenha sido devidamente orientado. Ele precisava apontar um impedimento, e não o pênalti. O recurso de vídeo deve ser utilizado para lances claros e indiscutíveis, e não de interpretação – afirmou o ex-árbitro.
O ex-árbitro José Roberto Wright definiu o uso da tecnologia como "mambembe", e previu que os erros de árbitros de vídeo podem ser ainda mais frequentes em outras competições:
– Quando vemos em um torneio como este, com tantas câmeras, segue a possibilidade do erro, imagina o que pode acontecer em competições com menos recursos tecnológicos! Em relação à jogada, houve de fato um impedimento, enquanto o lance do pênalti marcado, tenho dúvidas, mais um encontrão entre os dois.
Wright também não poupou críticas à Fifa sobre a forma como o recurso tecnológico surgiu:
– A maneira como houve o uso do vídeo também comprova que a Fifa está completamente perdida em sua análise. Não é permitido na regra do jogo voltar atrás uma partida. Isto dá margem para acontecer uma infração maior.
Para Arnaldo, ideia foi bem intencionada, mas mal executada
Comentarista da Rede Globo, Arnaldo Cezar Coelho também questionou a orientação do árbitro de vídeo:
– O jogador que estava impedido, volta e passa a interferir na jogada. O calço acontece quando ele sofreu um tranco do adversário. O árbitro de vídeo tinha de orientar o juiz, mas não o fez.
O ex-árbitro definiu a ideia como bem intencionada, mas mal executada:
– Infelizmente, é uma boa ideia, mas é um brinquedo novo que entregaram na mão de irresponsáveis. Interferiram na arbitragem de um árbitro da Fifa. O gol teve interferência no jogo, e em um jogo de Mundial. Foi uma grande lambança.
Comentarista da Fox Sports, Carlos Eugênio Simon limitou-se a avaliar a jogada. Aos seus olhos, o pênalti foi bem assinalado:
– Quando a bola é alçada para a área, o jogador Nishi Daigo está adiantado, em impedimento. Porém, a bola originalmente não vai para ele, e sim para outro companheiro, na mesma linha de Berrio. Portanto, o que caracteriza é que houve a infração, o pênalti foi bem marcado.
*LANCEPRESS