Acima de tudo, é preciso resistência, muita resistência.
Do público, que em grande parte tomará seus lugares em Tarumã na noite deste sábado (ou até antes, em alguns casos) e só deixará o autódromo quando o sol estiver a pino, já no domingo.
Dos pilotos, que se revezarão durante a metade de um dia a bordo de um carro a 200 km/h.
Por fim, dos próprios carros, que serão testados ao limite na mais tradicional prova de longa distância do calendário brasileiro de automobilismo, as 12 Horas de Tarumã, disputada desde a década de 1970.
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– É uma das provas mais difíceis, que exige muito esforço físico e mental dos pilotos para levar o carro até o final – define Christian Castro, 32 anos, atual bicampeão e um dos maiores vencedores da disputa, com cinco conquistas.
A corrida é festiva, com um certo caráter de encerramento da temporada. Mas não espere aquele clima de jogo amistoso comum no futebol. No mundo da velocidade, ninguém quer ficar para trás.
– É a prova que todo mundo mais curte, dos mecânicos aos pilotos. Durante todo o ano, ficamos à espera dessa corrida – diz Luciano Mottin, chefe da equipe Mottin Racing.
Aos 49 anos, o ex-piloto tem história para contar nas 12 Horas. Disputou a prova de 1989 a 2003, com uma vitória, em 1999. Do lado de fora da pista, o currículo é mais recheado. Sua equipe soma sete vitórias, seis delas com o protótipo MCR Turbo número 46, que cruzou a linha de chegada em primeiro nos dois últimos anos.
Em um dos casos mais curiosos, Mottin lembra de duas edições da prova em que o carro de sua equipe, com ampla folga na liderança, foi para os boxes poucos minutos antes do fim, para surpresa geral – houve quem pensasse que o carro tinha "quebrado".
– O carro parou para ser lavado, para receber limpo a bandeirada.
Até o final da tarde desta quinta-feira, havia 22 carros e 83 pilotos inscritos na prova, que terá largada à meia-noite deste sábado e encerramento ao meio-dia seguinte. O número ainda pode crescer, já que são permitidas inscrições até meia hora antes da largada.
TUDO SOBRE A PROVA
Quantos pilotos podem participar da corrida por carro?
No mínimo dois e no máximo cinco. Em média, são três pilotos por carro.
Um mesmo piloto pode competir por carros distintos?
Sim, em até dois carros, no máximo.
Quantos carros são permitidos no grid?
O limite é de 60 inscrições. A expectativa é de que a edição deste ano tenha 25 carros e cerca de cem pilotos.
Quais modelos de carros são permitidos na prova?
Pode participar qualquer carro de competição. São sete categorias, com distinções nas classificações de veículos e de potência: GP1, P2 e P3 (protótipos); GT1 e GT2 (esportivos adaptados a corridas, como Ferrari, Lamborghini e Maserati); TS e T (turismo, ou seja, carros de passeio adaptados). Há premiação individual para cada categoria, e o carro que cruzar à frente ao meio-dia de domingo recebe o troféu Fita Azul, destinado ao grande vencedor.
Como é a largada da corrida?
Uma das tradições das 12 Horas de Tarumã era a largada no formato Le Mans, na qual os carros são alinhados de forma oblíqua no grid. Até meados da década passada, os pilotos ficavam posicionados no muro dos boxes e corriam para os carros para dar largada nesta posição no grid, com o mais rápido na classificação à frente. Por medida de segurança, a largada passou a ser feita com os carros em movimento, em fila indiana, após uma volta inicial com o veículo de segurança na pista.
Há limite de voltas na prova?
Não, é ilimitado. O recorde nas 12 Horas de Tarumã foi estabelecido no ano passado, quando o MCR Turbo conduzido por Vitor Genz, Carlos Kray, Pedro Castro e Christian Castro percorreu 559 voltas, o equivalente a 1.698 quilômetros, em 12 horas e 50 segundos. Considerando paradas para reabastecimento e troca de pilotos, a média de velocidade do carro vencedor foi de 141 km/h.
Qual foi a volta mais rápida?
O recordista é o piloto Juliano Moro, com um protótipo MRX Audi Turbo. Em 2013, completou os 3.039 metros de Tarumã em 57s870, com média horária de 189 km/h.
Qual é consumo de combustível e de pneus?
Depende do modelo. As equipes consomem uma média 24 pneus do tipo slicks (o equivalente a seis jogos de rodados), e mais de mil litros de combustível.
Quantas paradas nos boxes são feitas na prova?
Varia conforme o número de pilotos, o modelo do carros e a estratégia de cada equipe. Em média, cada carro para oito vezes para abastecimento, troca de pneus e revezamento de pilotos.
É permitida troca de componentes do carro?
Sim, até mesmo motores podem ser substituídos durante a prova. O único item que não pode ser trocado é o chassi – porque, na prática, significaria colocar um carro reserva na pista, o que é vetado.
Quanto tempo um mesmo piloto pode ficar na pista?
Até quatro horas consecutivas, com intervalo de pelo menos uma hora para retornar à corrida, mesmo que esteja inscrito em outro carro. Para ser declarado vencedor, um piloto deverá ter permanecido pelo menos uma hora na corrida.
Como é feito o controle de voltas?
Há um sistema eletrônico de cronometragem. Os veículos são equipados com transponder, dispositivo que registra cada volta completada na pista.
Como o público é informado da posição dos carros na prova?
Pelo sistema de alto-falante do autódromo.
A PROGRAMAÇÃO
Autódromo de Tarumã, em Viamão
SEXTA-FEIRA
18h30min – Treino classificatório
SÁBADO
18h10min – Largada 1ª bateria Copa Classic (25min)
19h10min – Largada 2ª bateria Copa Classic (25min)
20h10min – Largada 3ª bateria Copa Classic (25min)
23h30min – Posicionamento no grid
Meia-noite – Largada das 12 Horas de Tarumã
Ingressos: R$ 30 (credenciais de box custam R$ 65), nas bilheterias do autódromo
*ZHESPORTES