Ao transformar a Libertadores, a Conmebol pode ter involuntariamente ajudado a CBF a melhorar seu calendário.
As mudanças anunciadas pela Conmebol para a Libertadores 2017 não são todas positivas. Mas a principal novidade pode ter (e torço para que efetivamente tenha) um impacto muito positivo no futuro do futebol brasileiro. Com a competição sendo disputada de fevereiro até novembro, ao longo de toda a temporada, a CBF será obrigada a repensar totalmente o calendário dos próximos anos.
É a grande chance de, finalmente, termos uma programação que permita aos times – e jogadores – a melhor preparação possível, tanto na pré-temporada quanto durante o período de jogos. Da maneira que as coisas são feitas hoje, é quase impossível que um time na Libertadores tenha tempo para treinar: no primeiro semestre, o torneio sul-americano é a prioridade em meio a jogos de Estaduais e o início do Brasileirão. No segundo semestre, o Brasileiro e a Copa do Brasil fazem com que os times encarem sequências de jogos a cada três dias durante dois ou três meses. O resultado é a falta de inovação nos trabalhos feitos aqui, o alto número de lesões – e a falta de paciência de direções e torcidas com os técnicos.
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Agora a CBF não tem mais desculpas para não pensar em algo que integre e facilite a vida de todos os clubes do país, incluindo aí aqueles que jogam apenas Estaduais. Pode-se organizar um sistema de pirâmide, como existe na Inglaterra, em que as três primeiras divisões sejam disputadas como hoje, a Série D seja ampliada com mais jogos e, abaixo disso, ficassem aquelas equipes que não estão em campeonatos nacionais. Isso permitiria que se começasse o Brasileirão já em março, por exemplo, e com jogos apenas nos finais de semana. Assim, uma equipe que estivesse na Libertadores jogaria apenas uma ou duas vezes por mês no meio de semana, dando tempo para aprimorar seus treinos.
Nas divisões mais baixas, os times teriam a chance de contar com competições, mesmo dentro do estado, que durassem o ano todo. Isso seria ótimo para os clubes – e também para torcedores, patrocinadores e jornalistas, que poderiam transmitir as equipes locais por toda a temporada.
E esta é apenas uma ideia. Há diversas possibilidades de fazer um calendário racional, que torne o futebol brasileiro mais competitivo. E a CBF sabe que precisa agir. É tudo com ela.
*ZHESPORTES