Não tive a sorte de ver ao vivo o melhor time de todos os tempos, o Brasil da Copa de 1970. Mas, como apaixonado por futebol, já assisti a centenas de vídeos e li milhares de páginas sobre este esporte apaixonante.
Claro que muitos timaços se formaram nos mais de cem anos de bola rolando. Mas aquela equipe, além de contar com inúmeros craques (incluindo Pelé, o maior de todos) e de ter vencido um Mundial com shows e goleadas, tinha um outro diferencial: a faixa de capitão estava com um cara simplesmente espetacular.
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Carlos Alberto Torres não era apenas um exímio lateral-direito. Era um líder, um xerife e um norte para aquela seleção, treinada por Zagallo, cuja escalação está na memória de muitas gerações: Félix; Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gérson e Rivelino; Jairzinho, Tostão e Pelé.
Durante 72 anos, o camisa 4 daquela equipe encarou de frente seus adversários, dentro e fora de campo. Comprou brigas, gerou polêmicas, mas jamais fugiu do embate. Pois ontem, como num contragolpe fulminante a quem ainda tinha muito a ensinar no esporte, Carlos Alberto foi derrotado por um infarto.
Assim que pude, corri para a internet rever gols seus e compactos dos jogos de 1970. Foi dele o golaço que sacramentou o tri no México, no 4 a 1 sobre a Itália. Uma bomba em chute cruzado após passe açucarado de Pelé.
Aos amigos e colegas da imprensa esportiva que chamam de "moderno" um lateral que defende e ataca, que faz bons cruzamentos e tem habilidade, repensem o adjetivo. Basta olhar um pouco do que Carlos Alberto Torres fez pela Seleção e por Fluminense, Santos, Cosmos e outros times. Há 46 anos, ele fez isso e muito mais!
Logo, alguém que jogue bem pelo lado de campo, não pode ser chamado de "moderno". Ganharia o maior elogio se ouvisse de alguém: "Lembra o Capita dos anos 70".
Esse carioca era tri. Esse boleiro era tri. Esse lateral era tri. Esse capitão será sempre tri.
Muito obrigado, senhor Carlos Alberto Torres, por liderar o maior time que este planeta já viu jogar. Não só os brasileiros terão para sempre na memória aquelas aulas de futebol.
*ZH ESPORTES