Bastaram a mão firme e as convicções bem embasadas de um treinador com conceitos claros de futebol para que a Seleção Brasileira voltasse a vencer nas Eliminatórias.
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O título olímpico e as vitórias sobre Equador e Colômbia reavivaram em nossa memória um sentimento que nunca deveria nos ter escapado: o Brasil é, foi e sempre será o "País do Futebol", e não estamos passando por um período de entressafra, coisa nenhuma. O que falta para o futebol brasileiro é tão somente comando, organização e gestão para muito além das quatro linhas.
Ao assumir a Seleção, o gaúcho Tite não chegou a vestir o abrigo verde-amarelo antes de tomar sua primeira e decisiva providência: povoou a meia-cancha com três volantes, como fizera a Alemanha para vencer a Copa do Mundo há dois anos, e iniciou a partir daí a formatação de uma equipe que, como todos vimos, foi totalmente dona das partidas que disputou. A Alemanha, aliás, venceu a Copa sem nenhum craque em campo – mesmo o gol do título nasceu de uma jogada de dois de seus reservas, cruzamento de Schürrle e conclusão de Mario Götze. Competente, Adenor Bacchi aprendeu a lição: assim como Joachim Löw postou Schweinsteiger e Kroos à frente do cão de guarda Sami Khedira em 2014, Tite escolheu Paulinho e Renato Augusto para jogarem diante do promissor Casemiro.
A figura balizadora da reorganização do Brasil de Tite é justamente Casemiro, plantado como um segurança impiedoso à frente da boate indecente que se tornara a defesa brasileira. Vigiada, a zaga funcionou. O resultado foi um meio-campo combativo, marcador e, acima de tudo, suficientemente sólido para reter a bola e dar consistência aos avanços dos laterais e à fluidez dos atacantes. Tite, percebam, reorganizou a Seleção recorrendo ao bê-a-bá do futebol: é no meio-campo que se ganha, e é também no meio-campo que se perde uma partida.
O inesquecível 7 a 1, ora, foi um produto da ousadia de Felipão, que elegeu Bernard para a vaga de Neymar, então lesionado, quando poderia ter escolhido o próprio Paulinho para
substituí-lo. Logo Felipão, que consagrou-se mundialmente jogando defensivamente, para desgosto da crítica, como via de regra precisa ser jogado o futebol competitivo. O futebol é simples: quem tem a bola ataca, quem não tem defende. Löw sabe disso. E Tite já descobriu, para o bem do futebol brasileiro.
*ZHESPORTES