O sonho de Diogo estava prestes a se concretizar. Ele pretendia percorrer o Brasil todo, conhecer as diferentes culturas do país e, principalmente, a predisposição das pessoas em receber e ajudar a quem precisa. Com um detalhe: Diogo embarcaria na aventura a bordo de uma bicicleta, apenas com a roupa do corpo e uma mochila nas costas. Em meados de 1992, no entanto, o plano do ciclista foi abreviado. Diogo foi assassinado, vítima de um assalto, em Porto Alegre.
O sonho, no entanto, seguiu vivo e se tornou uma obsessão para José Paranhos. Dag, como é conhecido, seguiu todo o script planejado pelo irmão. Dois anos depois da morte de Diogo, deixou a Capital. Desde então, passou pelos 26 Estados do Brasil e o Distrito Federal, visitou cerca de 1,6 mil municípios e calcula ter percorrido 36 mil quilômetros. Tudo está registrado em documentos que consegue em prefeituras e entidades, além de reportagens como esta.
– Foi difícil, tive que superar uma depressão profunda. Fiz uma preparação de dois anos antes de partir. Mas coloquei na cabeça que realizaria o sonho do meu irmão – descreve Dag, que permaneceu por duas semanas em Caxias do Sul e, nesta segunda-feira, partiu para Nova Petrópolis.
Nos 22 anos em que está na estrada, depende da boa vontade das pessoas para sobreviver. O principal, no entanto, conforme ele, é passar a mensagem em escolas, nas quais já ministrou diversas palestras país afora.
– Em todos estes anos, conheci muita coisa, a verdadeira realidade da vida e da cultura dos brasileiros, além de resgatar os valores humanos. E é isso que procuro passar para as crianças, o real objetivo desta aventura.
Dag costuma ficar pouco tempo em cidades pequenas (algo em torno de uma semana), um pouco mais em cidades de maior estrutura e cerca de dois a três meses nas capitais. Apesar de ser gaúcho de Uruguaiana, adquiriu um característico sotaque nordestino. Principalmente, pelos dois anos em que permaneceu em Parelhas, no Rio Grande do Norte, maior tempo em que ficou sediado em um lugar. Lá, tratou de uma tendinite e chegou a trabalhar como fotógrafo.
E não é porque retornou ao Rio Grande do Sul que a aventura de Dag chegará ao fim.
– Quero fazer todas as cidades da Serra gaúcha. Gramado, Canela, Nova Petrópolis, Bento Gonçalves. E, depois, continuar. Minha ideia é visitar os países vizinhos também. Só vou parar quando as minhas pernas não resistirem mais.
Cicloturismo
Gaúcho de Uruguaiana viaja o Brasil inteiro de bicicleta para realizar o sonho do irmão
José Paranhos passou duas semanas em Caxias do Sul e segue na Serra Gaúcha
Daniel Angeli
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