O falecimento do ex-volante Caçapava enlutou sua cidade natal, mas não tirou a família do revezamento da Tocha Olímpica. Ele deveria abrir o percurso em sua terra, no que foi substituído pelo empresário Ronaldo Mota, o "Nati". A grande homenagem ao ex-jogador, porém veio no penúltimo condutor, Dona Tereza Melo Lopes, sua mãe que aos 78 anos caminhou por 200 metros com uma fisionomia carregada de emoção. Bem assessorada pelas pessoas da organização do revezamento, ela falou pouco e, ao passar a chama para o corredor Ânderson Henriques, resumiu em duas palavras seu sentimento: "Estou Faceira"
União dos fogos
A tradição gaúcha se juntou ao espírito olímpico num momento de culto. Na Fazenda do Boqueirão em São Sepé, a jovem Luíza Pires conduziu a Tocha Olímpica até o centenário fogo de chão que arde há 200 anos ininterruptamente no galpão da estância. A menina é neta de Dona Gilda Pires, proprietária do local que por mais de cinco gerações mantém ardente a chama que virou atração no estado. Para ela, foi o momento mais importante vivido na propriedade: "Estes dois fogos significam a mesma coisa, a paz e a união, a mesma nossa numa roda de mate ou dos povos numa Olimpíada", afirmou. Na rápida passagem da Tocha pela fazenda houve a recepção por cavalarianos de entidades tradicionalistas e da Brigada Militar e apresentação de música nativista. O forte vento e o frio deram um toque ainda mais típico para o cenário gauchesco e também olímpico.
Cadeirante feliz
O calçamento irregular não impediu que uma cadeirante simbolizasse na sua felicidade o que sentiu a comunidade de São Sepé com a passagem da Tocha Olímpica. A estudante Pamela Dias era só sorrisos sendo conduzida em sua cadeira de rodas vagarosamente por questão de segurança. A proteção à tocha era total com a menina segurando-a firmemente com as duas mãos. Quando era possível, acenava para os populares que gritavam seu nome.
Buracolandia
Destaque negativo total na viagem da Tocha Olímpica para o terrível estado da BR 392 no trecho entre Caçapava do Sul e Santana da Boa Vista. São verdadeiras crateras na rodovia que fizeram como vítima um dos microônibus que levam os condutores da chama. No quilômetro 249 um buraco foi o causador do estouro de um pneu do veículo que precisou ser reparado no local. O motorista, ao ser fotografado, sorria e pedia: "Fotografem o buraco também. É enorme".
Festa olímpica
A cena se repete em todas as estradas. Mesmo em cidades em que a Tocha Olímpica não tem revezamento, populares, em especial crianças, vão para a beira das rodovias em grupo para simplesmente saudar o símbolo na passagem do grande comboio de caminhões , vans e carros de segurança. Em Santana da Boa Vista, por exemplo, eram dezenas de jovens encarando um frio de menos de 10 graus para festejar a passagem.