Adenor Bachi começou nesta segunda-feira o seu trabalho à frente da Seleção Brasileira. Tite foi confirmado e já apresentado como novo técnico do Brasil na CBF, após uma visita ao museu da entidade, e falou sobre o trabalho que terá com a equipe na disputa das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018.
– O foco é a classificação para o Mundial. E nós não estamos (na zona de classificação). É fato real que pode, sim, e o trabalho vai ser desenvolvido nesse sentido, mas corre-se o risco, claro que se corre. Você não pode fugir das possibilidades. Eu estou aqui, infelizmente, porque o resultado não veio. Mas há toda uma qualidade de trabalho, que eu quero me integrar, de crescimento. As equipes se consolidam, e elas crescem. Eu tenho experiência em clubes, e agora em seleções, que eu não tenho participado – explicou o treinador.
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Tite também foi muito questionado pelos jornalistas a respeito da sua relação com a CBF e com o presidente Marco Polo Del Nero, principalmente após ter assinado um documento pedindo a saída do dirigente do comando da entidade e a modernização da confederação.
– A minha atividade e o convite que foi feito foi para ser técnico da Seleção Brasileira. Essa é a melhor contribuição que eu tenho. Adjetivos como transparência, modernização, são a forma que eu penso e eu trago para o futebol. O meu legado pode falar sobre isso – declarou.
Depois, ao falar sobre o que se podia aproveitar do trabalho de Dunga, Tite destacou que vê uma base que pode ser utilizada no futuro.
– Aproveita-se, sim, dentro dos critérios do que se espera ser o melhor. Sou um técnico em formação, e vai um tijolinho a cada dia. Nós aprendemos com os nossos erros, e não tenho problema nenhuma em melhorar. E aprender também com os acertos dos outros.
Na longa entrevista, o novo técnico da Seleção também comentou o longo tempo que levou para aceitar o convite – e admitiu a frustração com o fato de não ter sido chamado em 2014, após a demissão de Luiz Felipe Scolari depois da eliminação na Copa do Mundo.
– O ideal é começar no início de um trabalho. Mas o ideal não acontece. Fiquei sentado numa poltrona em 2014, criei a expectativa. E não foi assim. Veio agora. Entendi que devo aceitar talvez para encerrar, não de forma egoísta, mas vaidosa, de estar na minha carreira como técnico da Seleção Brasileira. E isso em um momento importante. Estou no melhor momento da minha carreira, em que ganhei tudo, ganhamos, com o Corinthians. Isso demonstra coragem.
Quarto técnico gaúcho em sequência a assumir o comando da Seleção, Tite garantiu que não acredita fazer parte da "escola gaúcha" de treinadores.
– Eu não acredito em escola gaúcha de técnicos. Acredito em uma escola brasileira de técnicos. Uma que premia a triangulação, a organização, a posse de bola. A outra é mais do contato físico e da bola longa. Existem técnicos gaúchos nas duas escolas. E técnicos de outros estados da "escola gaúcha". Para mim, tem a escola do seu Telê ou do seu Ênio Andrade – declarou.
Tite também falou sobre a opção por não assumir também o comando da seleção olímpica no Rio 2016 e defendeu o trabalho de Rogério Micale.
– Era muito fácil o técnico agendar e alinhavar uma situação nas Olimpíadas e levar os louros se vencesse. Senão, já tinha a desculpa pronta para a derrota: "eu não tive tempo". Isso eu não faço. A prioridade é a Seleção Brasileira, e o objetivo é a classificação (à Copa do Mundo) e os próximos dois jogos. Preciso me ajustar o mais rápido possível. E dar ao Rogério Micale e aos outros profissionais o tempo e a chance na Olimpíada. A possibilidade maior de sucesso é com o Rogério.
Ao ser apresentado por Del Nero, Tite recebeu uma camiseta para a nova "torcedora número 1" da Seleção, dona Ivone Bacchi, mãe do treinador. E ele falou sobre a emoção da mãe com a sua confirmação.
– A mãe, você imagina a realização de ver o filho na Seleção. Só peço que as pessoas tenham cuidado com ela, ao falarem com ela, em entrevistas. Hoje, pela manhã, falei "mãe, teu filho é técnico da Seleção". Ela começou a chorar.
O treinador destacou, ainda, como pretende montar o seu trabalho na Seleção, tão diferente do que está acostumado com clubes. E disse que vai pedir ajuda aos técnicos dos times brasileiros para conhecer melhor os jogadores que poderá convocar a partir de agora.
– Quero um trabalho de triangulações, trocas de passe e finalizações. É de transições: tu tomas a bola e precisas, com pressão alta, média ou baixa, saber jogar. Ter organização em bola parada eficiente. É o que vou ter que me ajustar, modelar. Uma realidade diferente de clubes. Vou pedir que os clubes me proporcionem um dia de treinamento e conversa com os clubes brasileiros, para conhecer o dia a dia e as características dos seus atletas. Como o técnico pode intervir e onde eles podem exercer melhor suas funções. Vou ficar analisando, assistindo os jogos em tempo integral. A partir deste momento eu assumo a responsabilidade. Eu sei essa dimensão. Temos a noção exata também. Eu me preparei, e continuo me preparando para tal.
*ZHESPORTES