Em entrevista a ZH, Carlos Eugênio Simon, 50 anos, juiz de três Copas do Mundo, analisa a arbitragem brasileira. Para o atual comentarista do canal Fox Sports, tudo vai piorar a longo prazo. Confira:
Como você avalia o Sandro Meira Ricci, seu sucessor na Copa do Mundo?
Bom árbitro, bom caráter e honesto. Mas não está bem. Errou feio contra o Grêmio na partida com o Vitória, na Arena. A imagem que ele passou é que não estava a fim de jogo do Brasileirão. Ele fez bom Mundial, mas foi mal na Copa América. Já pediu até licença do Brasileirão em 2014. Imagina, um árbitro que é referência no país não pode agir assim.
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Qual o problemas com os árbitros brasileiros?
O Brasileirão recém-chegou a 11ª rodada e as arbitragens, algumas muito ruins, estão no meio de todas as discussões e na boca de torcedores, jogadores e dirigentes. Isso é ruim. Está igual ou pior do que em 2015. O Grêmio deseja vetar o Ricci. O Inter vetará os seus. Os outros clubes tomarão o mesmo caminho. Quem apitará no futuro? Como a Comissão de Árbitros da CBF agirá? Sei que os erros continuarão, vão piorar. Não vejo como melhorar a curto prazo. O campeonato exibe um baixíssimo nível técnico. Os times estão embolados na tabela. Qualquer erro será fatal, decisivo.
O negócio é vetar?
Não, nunca. A solução é profissionalizar o árbitro, que está mal preparado. Ele é um amador que trabalha ao lado de profissionais. Se apita, ganha. Caso contrário, fica sem renda. É muito cruel. A CBF poderia formar um grupo de 20 árbitros e profissionalizá-los. Oferecer condições especiais de trabalho e capacitá-los. Fazer que nem na Premier League. Claro que vão errar, são humanos. Mas os acertos, creia, serão bem maiores.
O sorteio do árbitro antes dos jogos precisa ser revisto?
É um dos maiores. Não tem sentido sortear. É preciso escalar sempre os melhores. O sorteio prejudica o espetáculo. Nem sempre o melhor apita. É preciso rever o conceito. Mas o que esperar da CBF? A arbitragem não vai melhorar se a CBF não mudar junto.
Quem é o melhor árbitro do Brasil?
Heber Roberto Lopes. Ele apitou bem a final da Copa América Centenário, nos EUA . O resultado não passou pela mão dele. Claro, fez caras e bocas, mas a gente conhece bem a maneira do Heber trabalhar.
*ZHESPORTES