Uma vez ouvi o Cacalo falar no Sala de Redação que o Brasil teria jogadores em número e qualidade suficientes para formar cinco times candidatos ao título mundial. Achei exagero.
Hoje, sob a égide da eliminação fiasquenta que sofremos para a Alemanha na Copa, alguns entendidos do esporte mais popular do mundo relegam a Seleção Canarinho a um lugar sombrio no cenário do futebol internacional. "A safra é ruim", simplificam, como se o futebol pudesse ser friamente avaliado como parreirais de uvas que não desabrocharam em seus caramanchões. Pois ajeite-se na cadeira. Nas próximas linhas comprovarei que os pseudo-filósofos do futebol moderno estão errados: a safra de jogadores é, sim, boa. Como sempre, aliás, serão boas as safras em um país com a nossa cultura umbilicalmente ligada ao futebol e o nosso volume populacional.
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O fracasso brasileiro na Copa passou longe dos pés serelepes dos nossos jogadores: há uma cultura retrógrada enraizada malditamente em nosso futebol de que precisamos imitar o modelo europeu: a partir dela, os campeonatos, para serem bons, precisam ser de pontos corridos, como os de lá; os jogadores, para serem bons, precisam ser altos e fortões, como os de lá; o esquema tático, para servir, precisa imitar o 4-2-3-1 que agora é moda para além-mar.
A transformação para melhor do futebol brasileiro acontecerá quando ele mergulhar em suas próprias raízes, quando não mais submetermos o nosso futebol - e a cultura popular em geral - a esta globalização impositiva.
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O Brasil tem safra boa, sim senhor. Elenquei, abaixo, cinco Brasis para que Dunga monte um único time na próxima Copa do Mundo. São 55 jogadores em condições de titularidade em qualquer seleção do planeta. Ou será que este Luan, que joga no Grêmio, é pior que o Schürrle, atacante campeão do mundo com a Alemanha? Eu acho que não.
Questão de gosto, não de safra.
Um primeiro time teria Alisson, Dani Alves, David Luiz, Thiago Silva e Marcelo; Rodrigo Dourado, Elias e Coutinho; Neymar, Douglas Costa e Pato. Uma segunda equipe, com Marcelo Grohe, Danilo, Miranda, Marquinhos e Filipe Luís; Luiz Gustavo, Ramires e Oscar; Willian, Lucas e Firmino. O terceiro, com Diego Alves, Fabinho, Geromel, Gil e Alexsandro; Walace, Renato Augusto e Ganso; Felipe Anderson, Hulk e Ricardo Oliveira. O quarto poderia ter Jefferson; Mario Fernandes, Dedé, Henrique e Siqueira; Lucas Leiva, Paulinho e Hernanes; Bernard, Robinho e Luiz Adriano. E um último com Victor; Marcos Rocha, Dante, Juan Jesus e Maxwell; Lucas Silva, Casemiro e Fred; Luan, Valdívia e Jonas.
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