A condenação da Fazenda da Espanha a Javier Mascherano por fraude fiscal – punido com um ano de prisão, ele não será detido e pagará multa após recurso da defesa –, coloca os futuros de Lionel Messi e Neymar sob riscos. Assim como o volante, os dois atacantes também têm problemas com o Fisco espanhol e ainda aguardam julgamento dos seus casos.
Mascherano foi considerado culpado pela evasão fiscal de 1,5 milhão de euros (cerca de R$ 6,680 milhões) referentes a valores recebidos entre 2011 e 2014. Além do período de um ano de detenção, o julgamento desta quinta-feira também impôs uma multa de 815 mil euros ao volante. No recurso, porém, ficou acordado que, além de devolver o valor devido ao Fisco, Mascherano também terá de pagar uma multa de 21 mil euros, sem tempo de prisão.
E o problema deve ter repercussão dentro do elenco do Barcelona. Assim como o camisa 14, Messi e Neymar também têm pendências com impostos na Espanha. O craque argentino responde por fraude fiscal de 4,1 milhões de euros (R$ 18,250 milhões), não arrecadados entre 2007 e 2009. No último encontro com as autoridades, a promotoria da Fazenda pediu 22 meses e 15 dias de prisão para Messi, além de devolver o valor fraudado. O pai dele, Jorge Horacio Messi, também foi acusado pela promotoria com o pedido de 18 meses de prisão.
Assim como aconteceu com Mascherano, porém, Messi não deve ser encarcerado em caso de condenação. O Fisco acusa o camisa 10 de abrir empresas em paraísos fiscais para receber seus salários e acordos de patrocínio sem passar pelo sistema de impostos da Espanha. Caso seja condenado – ainda não há data para o julgamento –, Messi deve entrar com recurso para pagar uma multa e não cumprir tempo de pena. Ele já devolveu o valor de 4,1 milhões de euros à Fazenda.
Neymar, por sua vez, responde pelos valores recebidos quando da sua transferência do Santos para o Barcelona – o que torna seu caso diferente dos seus colegas argentinos, que foram acusados de sonegar o valor dos salários. A acusação contra o brasileiro é de corrupção dele e do seu pai, Neymar Santos, contra o Grupo DIS, que tinha 40% dos seus direitos federativos e alega não ter recebido o valor correspondente à transação. O Santos alega ter recebido 17 milhões de euros pela venda do atacante, e passou o valor correspondente à DIS. A justiça espanhola, contudo, constatou que o Barcelona pagou, na verdade, 40 milhões de euros pelo brasileiro. O julgamento dele será no dia 2 de fevereiro, mesmo dia em que Josep Bartomeu e Sandro Rosell, atual e ex-presidentes do Barça, também vão ao banco dos réus sobre o caso.
Jornal de Barcelona acusa justiça de "perseguição"
Na briga eterna entre Catalunha e Madri, a condenação de Mascherano – e os possíveis problemas que Messi e Neymar enfrentarão nos próximos meses – foi tratada como mais uma prova da perseguição que existe do poder central espanhol contra a região onde fica localizada Barcelona. Lluís Mascaró, comentarista do jornal Sport, um dos principais da cidade, disse que Mascherano "foi tratado como um terrorista" em um julgamento que serviu apenas para "exposição midiática" devido a uma perseguição que os barcelonistas vêm sofrendo.
– Mascherano reconheceu seu erro (...), mas isso não foi suficiente. Tratava-se de humilhar a um grande profissional que defende a camisa do Barça – criticou o comentarista. Nos jornais de Madri, a notícia recebeu destaque ao longo do dia, comentando o pedido da defesa do jogador de troca do tempo de prisão por uma multa.
No final da tarde, Mascherano publicou uma nota oficial nas suas redes sociais falando sobre o caso e dizendo estar "tranquilo" com a conclusão do processo com a justiça.
*ZHESPORTES