As praias havaianas ganharão os olhares dos brasileiros a partir desta terça-feira, quando começa a grande decisão do Circuito Mundial de Surfe. Três representantes do país chegam a Pipeline com possibilidades de título: além do campeão mundial Gabriel Medina, que ocupa atualmente a quarta colocação, estão com maiores chances Filipe Toledo, vice-líder do ranking, e Adriano de Souza, o Mineirinho, que está em terceiro.
- Eu, como os outros dois, tenho muitas chances. A gente não está muito longe um do outro em relação a pontos, então acho que a chance é a mesma, porque todo mundo tem o talento do surfe e surfa muito bem. Vai vencer o melhor, o que merecer - avalia Filipinho, o melhor colocado entre os brasileiros.
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Foto: Reprodução/Instagram
É a prova de que engana-se quem pensa que o Brasil não tem tradição no esporte. É verdade, porém, que o surfe ganhou novos adeptos após o fenômeno Medina. Criado nas praias de Maresias, o garoto de 21 anos mobilizou a nação ao se tornar o primeiro campeão mundial do país. Em 2015, a temporada começou ainda mais promissora. Há quem diga que é o grande ano do Brasil no esporte. Na elite, foram sete representantes da "Brazilian Storm", como são conhecidos os brasileiros lá fora: Medina, Filipe Toledo, Adriano de Souza, Italo Ferreira, Miguel Pupo, Jadson André e Wiggolly Dantas.
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Nem todos tiveram desempenho como era esperado. Mas, além dos três que brigam pelo título, há um outro nome que desponta entre grandes destaques: Italo Ferreira, de 21 anos. O garoto de Baía da Formosa teve seu primeiro ano na elite do surfe e surpreendeu (veja no vídeo abaixo). Ganhou o "Rookie of The Year" (calouro do ano) e subiu para a sexta posição no ranking. Estava com chances de título até a penúltima etapa da temporada, em Peniche, Portugal. Durante o ano, ganhou fama ao desbancar "gigantes": teve entre suas vítimas ninguém menos que Gabriel Medina, Kelly Slater e John John Florence.
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Para o próximo ano, há expectativa também sobre os desempenhos de Alejo Muniz, Caio Ibelli e Alex Ribeiro, os três com vagas asseguradas no Circuito Mundial de 2016. Alejo, aliás, era o primeiro reserva da elite em 2015, mas lesionou o ligamento colateral do joelho esquerdo e passou por cirurgia em outubro. Aos 25 anos, o argentino naturalizado brasileiro garante que estará pronto para a próxima temporada. Já Caio, de 22 anos, é considerado um surfista de muito potencial. Alex, de 26, também é uma promessa no cenário do surfe brasileiro.
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FILIPE TOLEDO
Nesta temporada, Filipinho surpreendeu: três títulos, três notas 10. Natural de Ubatuba, o surfista de 20 anos vai para a disputa no Havaí na segunda colocação do Circuito Mundial. O paulista é segundo colocado no ranking, com 49.700 pontos.
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Pelos números, tem mais chances de levantar o troféu que o próprio Mick Fanning, líder, com 49.900. Isso ocorre porque, para o título, valem os nove melhores resultados de cada surfista - são descartadas as duas piores classificações. Por enquanto, houve apenas um descarte, e Filipinho tem a perder 500 pontos (por um 25º lugar), enquanto Fanning descartará 1.750 pontos, de um 13º lugar.
Porém, as ondas tubulares pesadas, típicas de Pipeline, são apontadas como seu ponto fraco. A especialidade do garoto é o aéreo.
- Claro que não sou "expert" neste tipo de onda, mas gosto de surfar ondas tubulares. Já mostrei isso em The Box (Austrália) e em Pipe ano passado, então quero mais é conseguir pegar alguns bons e vender caro minha derrota, se isto vier a acontecer - disse.
ADRIANO DE SOUZA, O MINEIRINHO
É o mais experiente da turma. Aos 28 anos, o paulista de Guarujá é conhecido pela força mental e por não se entregar nas baterias. Liderou durante a maior parte do ano (da terceira etapa, em Margaret, até a oitava, em Trestles), e agora ocupa a terceira colocação. Também depende apenas de si para garantir o título. No entanto, assim como Filipinho, os tubos não são considerados sua especialidade.
- Faz parte de mim dar o máximo para atingir um objetivo. Neste caso, é ser campeão mundial. E não vou desistir até conseguir - apontou sobre o título.
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GABRIEL MEDINA
Para o atual campeão, o cenário de título é delicado. Com a queda nas quartas de final para o compatriota Italo, em Portugal, a situação complicou. Atualmente, é o quarto colocado. Ainda que vença em Pipeline, precisará torcer por resultados negativos de Mick Fanning, Filipinho e Mineirinho. Considerado muito talentoso, tem como ponto forte o bom retrospecto em ondas pesadas e tubulares como as havaianas.
- As minhas chances são as menores , mas tenho fé que vou fazer meu melhor e minha parte. Espero que os outros tropecem - declarou à ZH.
*ZHESPORTES