"A verdade, toda a verdade, apenas a verdade": Michel Platini, prometeu total sinceridade antes de entrar na sede do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) em Lausana, na Suíça, onde foi ouvido nesta terça-feira, no recurso contra a suspensão que 'congelou' sua candidatura à presidência da Fifa.
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O ex-craque francês foi punido por conta de um pagamento suspeito de 1,8 milhão de euros que recebeu do suíço Joseph Blatter, presidente demissionário da Fifa. O TAS já anunciou que que a decisão final sairá até sexta-feira, após ambas as partes serem ouvidas nesta terça.
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Caso a suspensão de Platini seja anulada, o dirigente será restabelecido nas suas funções de presidente da Uefa, e poderá comandar o sorteio dos grupos da Eurocopa-2016, marcado para este sábado, em Paris. Mesmo assim, seria apenas uma vitória simbólica para o eterno camisa 10 da Juve, que ainda corre risco de ser banido para sempre do esporte pela comissão de ética da Fifa, cujo veredito sairá antes do fim do ano.
Platini chegou à sede do TAS pouco antes das 11h (no horário de Brasília), ao volante de um sedan preto de marca alemã, e deu uma breve declaração à imprensa, com sorriso irônico no rosto.
– Eu falarei nada mais que o que sempre disse: a verdade, toda a verdade, e apenas a verdade, eu juro – afirmou o ex-craque, repetindo a frase de praxe que toda testemunha precisa repetir antes de depor numa audiência em tribunais franceses.
Foi justamente na condição de testemunha que Platini foi ouvido pela justiça suíça pelo pagamento suspeito que recebeu de Blatter.
Ambos alegam que se trata da remuneração por um serviço de consultoria prestado de 1998 e 2002, mas existem suspeitas de que o suíço teria pago o francês para que desistisse de se candidatar na eleição presidencial de 2011, ano em que o depósito foi registrado.
No dia 8 de outubro, Platini foi suspenso de forma provisória por 90 dias de qualquer atividade ligada ao futebol, o que o impede de fazer campanha para a próxima eleição da Fifa, marcada para o dia 26 de fevereiro.
A suspensão provisória termina, em teoria, no dia 5 de janeiro, mas ainda pode ser derrubada pelo TAS.
Para sua defesa, o presidente da Uefa tem uma carta na manga, uma nota interna da Uefa que, segundo ele, apresenta a "prova escrita de um contrato oral" de trabalho pelos serviços prestados de 1998 a 2002.
No documento, ao qual a AFP teve acesso nesta terça-feira, Platini é chamado de "futuro funcionário da Fifa". A nota circulou em 1998, e sua existência foi revelada no último domingo, pelo semanal francês Journal du Dimanche.
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– Platini estava envolvido do na campanha eleitoral a favor de J.S.B.(Joseph Sepp Blatter, eleito presidente da Fifa pela primeira vez em 1998, sucedendo ao brasileiro João Havelange), que já anunciou que Platini seria o próximo diretor de questões esportivas da Fifa. Desta forma, Platini se tornará funcionário da Fifa – explica a nota, que, de acordo com fontes próximas ao francês, foi legalmente autenticada.
– Isso mostra que o contrato não teve nada de oculto e teve o conhecimento de vários membros dos comitês executivos da Uefa e da Fifa em 1998 – disse à AFP o advogado de Platini, Thibaud d'Alès.
Na segunda-feira, porém, o alemão Gerhard Aigner, que era secretário-geral da Uefa em 1998, colocou em dúvida a existência do documento.
– Platini não era membro do comitê executivo da Uefa na época, então porque a Uefa se interessaria em assuntos privados dele? – questionou o ex-dirigente de 72 anos, em entrevista à SID, filial da AFP na Alemanha.
O nome de Aigner aparece entre os dirigentes que, segundo o Journal du Dimanche, teriam recebido uma nota interna da Uefa durante uma reunião do comitê executivo, no dia 12 de novembro de 1998, em Gotemburgo, na Suécia.
*AFP