Com tranquilidade para crescer e sem pressa para chegar ao topo. A curta carreira do farroupilhense Márcio Campos no automobilismo sempre foi marcada pela cautela e pelas conquistas. E, depois do principal título nacional, não existem motivos para modificar o que foi traçado até aqui.
O piloto da equipe caxiense Motortech Competições garantiu no domingo passado a conquista do Brasileiro de Turismo, categoria de acesso à Stock Car. E era natural que o próximo passo fosse projetar a transição ao principal campeonato do país. Ainda não para Campos.
- A Stock Car é uma realidade para nós, temos convites de equipes de lá, mas não adianta ir e ser mais um. Não quero isso. Quero chegar para disputar de igual para igual. Não adianta ir lá dar um tiro e acabar se dando mal. Não quero isso. Como tenho cinco anos de automobilismo e quatro títulos, não posso me queimar. Quero chegar com um bom planejamento, uma boa equipe. É uma categoria extremamente competitiva e a gente vê pilotos de Fórmula 1 que chegaram e demoraram um pouco para se ajustar aos carros, que são muito difíceis de guiar. Felizmente, nosso carro hoje é muito parecido - explica o farroupilhense.
Aos 29, Márcio mantém os pés no chão. Algo que não é uma novidade ao se recordar o início tardio dele no automobilismo. A paixão pelos carros vem desde criança, especialmente por causa do pai João Campos, que foi sete vezes campeão brasileiro de turismo.
Só que foi justamente João quem preferiu que o filho primeiro concluísse os estudos para que depois, só com 24 anos, investisse na carreira de piloto. Márcio se formou em publicidade e fez uma pós-gradução em marketing antes de dedicar a maior parte do seu tempo às pistas.
- Se não fosse por ele (pai), não estaria aqui, com certeza. Ele sabe todos os caminhos a serem seguidos, tem a experiência e me abre muitas portas. Nos finais de semana, ele ajuda muito no acerto do carro, nas estratégias. Demorei um pouco para entrar no automobilismo, até por ele ter achado melhor esperar, e tem dado certo. Tudo o que a gente fez até agora mostrou isso - destaca Márcio.
Seja pela crise financeira vivenciada no país ou pela expectativa de um suporte maior quando chegar à Stock Car, Márcio se mostra confiante na decisão de defender o título brasileiro na próxima temporada:
- Acredito que seja vantagem permanecer mais um ano no Brasileiro de Turismo. Tenho mídia, sou o cara a ser batido, dou retorno aos meus patrocinadores, existe a transmissão pela TV. Além disso, os números da Stock são muito maiores. A mídia é maior, só que o investimento é quatro vezes superior. Estamos em um momento de crise no país e várias equipes da Stock estão mal das pernas. Talvez, também por isso, não seja o momento de subir.
Equipe caxiense
Chefe de equipe da Motortech Competições, com sede no bairro Fátima, em Caxias do Sul, Adilson Morari, 37 anos, ainda não sabe dimensionar o tamanho da conquista. Além da vitória de Campos, a equipe também sagrou-se campeã dos construtores. Um fato inédito no automobilismo gaúcho.
- Os carros são todos iguais. Nós recebemos todo um regulamento imposto pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), fazemos todo o layout e a parte de ajustes. É isso que faz a diferença. A equipe e os pilotos dentro da pista - diz Morari.
A Motortech compete desde 2006 e acompanha Campos desde o seu início na Mercedes-Benz Challenger. Por isso, conseguir chegar a Stock Car nesta parceria caseira é algo interessante para os dois lados.
- É um projeto que temos para 2017. Tem tudo para dar certo. É um ano bom porque muda muita coisa na Stock Car, algumas questões técnicas e é mais fácil para uma equipe que vai chegar, porque altera pra todo mundo. Espero que se torne realidade. Tenho eles como uma família. Nunca andei numa equipe de fora para saber a diferença, mas acredito que nossa sintonia faça a diferença dentro da pista - afirma o piloto farroupilhense.
Automobilismo
Márcio Campos segue no Brasileiro de Turismo e só deve ir para a Stock Car em 2017
Campeão no domingo, farroupilhense mantém pés no chão e prefere manter planejamento de carreira
Maurício Reolon
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