Sepp Blatter e Michel Platini, duas das figuras mais poderosas do futebol mundial, foram suspensos do esporte por oito anos nesta segunda-feira, depois de terem sido considerados culpados por violações éticas. As informações são do jornal The New York Times.
As suspensões foram impostas pelo Comitê de Ética da Fifa. Blatter, que foi presidente da instituição, assim como Platini, que é o presidente da Uefa, estão proibidos de participar em qualquer atividade relacionada ao futebol durante este período.
Os dois foram considerados culpados pelo caso em que Blatter pagou 2 milhões de francos suíços (cerca de R$ 8 milhões) a Platini em 2011, por serviços prestados entre 1998 e 2002.
Segundo o Comitê de Ética da Fifa, porém, nenhum dos dois conseguiu justificar o pagamento. Além da suspensão, Blatter também foi multado em 50 mil francos suíços (R$ 200 mil), e Platini, em 80 mil francos suíços (R$ 320 mil).
Os dois já cumpriam suspensão provisória de 90 dias desde o começo de outubro por conta do mesmo caso.
Veja, na íntegra, a nota da Fifa sobre as punições:
A Câmara Adjuticatória do Comitê de Ética da Fifa chefiado por Hans-Joachim Eckert baniu o senhor Joseph S. Blatter, presidente da Fifa, por oito anos, e o senhor Michel Platini, vice-presidente e membro do Comitê Executivo da Fifa e presidente da Uefa, por oito anos, de todas as atividades relacionadas ao futebol (administrativas, esportivas ou qualquer outra) em nível nacional e internacional. Os banimentos serão aplicados imediatamente.
O procedimento contra Blatter se relaciona primariamente a um pagamento de 2 milhões de francos suíços transferidos em fevereiro de 2011 da Fifa para Platini. Blatter, em seu cargo como presidente da Fifa, autorizou o pagamento a Platini, que não tinha nenhuma base legal no acordo assinado entre os dois oficiais em 25 de agosto de 1999.
Nem em seu depoimento escrito quanto na audiência pessoal, Blatter foi capaz de demonstrar alguma outra base legal para o pagamento. Sua afirmativa de um acordo oral foi considerada não convincente e rejeitada pela câmara. A evidência disponível para a câmara no caso em discussão não foi suficiente para estabelecer, no nível requerido, que o senhor Blatter buscou a execução ou omissão de um ato oficial de Platini dentro do artigo 21, parágrafo 1, do Comitê de Ética da Fifa (FCE) (suborno e corrupção). Porém, a conduta de Blatter em relação a Platini sem base legal constituiu uma quebra no artigo 20, parágrafo 1, do FCE (oferecer e aceitar presentes e outros benefícios).
Além disso, Blatter encontrou-se em situação de conflito de interesses, apesar do qual ele continuou a exercer suas atividades, sem trazer a público tal situação e a existência de interesses pessoais ligados a essas atividades, assim violando o artigo 19, parágrafos 1, 2 e 3 do FCE (Conflitos de interesse). Ao não colocar os interesses da Fifa em primeiro plano e de não se abster de fazer qualquer coisa contrária aos interesses da Fifa, Blatter violou seu dever com a Fifa e o artigo 15 do FCE (Lealdade).
As ações de Blatter não mostraram comprometimento com a ética, falhando em respeitar todas as leis e regulamentos aplicáveis, além do marco regulatório da Fifa no âmbito aplicável a ele, e demonstrando ter abusado de sua posição como Presidente da Fifa, assim violando o artigo 13 do FCE (Regras gerais de conduta). Em consequência, Blatter foi banido por oito anos de todas as atividades relacionadas com futebol e multado em 50 mil francos suíços.
A investigçaão do caso de Blatter foi conduzida por Robert Torres, membro da câmara investigatória do Comitê de Ética. A investigação resultou em um relatório final que foi submetido à câmara adjudicatória em 20 de novembro de 2015. A câmara adjudicatória abriu procedimentos formais em 23 de novembro de 2015, e a audiência de Blatter se deu em Zurique, em 17 de dezembro de 2015. Os procedimentos contra Platini se relacionam principalmente ao pagamento de 2 milhões de francos suíços que ele recebeu em fevereiro de 2011 da Fifa.
O pagamento a Platini não tem base legal no acordo escrito assinado entre ambos os oficiais em 25 de agosto de 1999. A afirmação de Platini de um acordo oral foi considerada não-convincente e rejeitada pela câmara. A evidência disponível para a câmara adjudicatória no caso presente não foi suficiente para estabelecer, no nível exigido, que Platini obteve o pagamento pela execução ou omissão de algum ato oficial no sentido do artigo 21, parágrafo 1, do FCE (Suborno e corrupção). Entretanto, a conduta de Platini sem base legal constituiu rompimento do artigo 20, parágrafo 1, do FCE (Oferecer e aceitar presentes e outros benefícios).
Além disso, Platini encontrou-se em uma situação de conflito de interesses, apesar dos quais ele continuou a exercer seu cargo, não reportando tal situação e a existência de interesses pessoais ligados a suas atividades, em violação do artigo 19, parágrafos 1,2 e 3 do FCE (Conflitos de interesses). Ao falhar em colocar os interesses da Fifa em primeiro lugar e se abster de fazer algo que poderia ser contrário aos interesses da Fifa, Platini também violou seu dever fiduciário para com a Fifa e desrespeitou o artigo 15 do FCE (Lealdade).
Além disso, Platini não agiu com completa credibilidade e integridade, mostrando desconhecimento da importância de seus deveres, obrigações e responsabilidades. Suas ações não mostraram comprometimento com uma atitude ética, desrespeitando todas as leis e regulações aplicáveis, assim como o marco regulatório da Fifa ao ponto aplicável a ele e demonstrando abuso de sua posição como vice-presidente da Fifa e membro do Comitê Executivo, assim violando o artigo 13 do FCE (Regras gerais de conduta).
Em consequência, Platini foi banido por oito anos de todas as atividades relacionadas com o futebol e multado em 80 mil francos suíços. A investigação do caso de Platini foi conduzida por Vanessa Allard, membro da câmara investigatória do Comitê de Ética. A investigação resultou em um relatório final que foi submetido à câmara adjudicatória em 20 de novembro de 2015. A câmara adjudicatória abriu procedimentos formais em 23 de novembro de 2015, e a audiência se deu em Zurique em 18 de dezembro de 2015 na presença dos advogados de Platini.
* ZH Esportes