Era um dia de junho de 2005. E a estrada até Pelotas, que já é longa, parecia interminável para três corajosos torcedores. Eramos eu, o Zé e o Falcon viajando para encarar o Bento Freitas lotado na primeira partida das semifinais da Copa Emídio Perondi de 2005, entre o meu São José e o Brasil de Pelotas. Viagem corrida, em uma quarta à noite, e eu decretei:
"Se o São José for campeão, eu atravesso o campo de joelhos".
Nem me lembro a qual entidade superior eu fiz a promessa. Na verdade, nem rezar eu sei. Mas, vai saber. Alguém lá em cima deve ter ouvido e resolveu testar a minha fé pelo Zeca. Voltamos derrotados de Pelotas, mas não menos orgulhosos por estar em todos os cantos acompanhando este clube. Em casa, também não revertemos o resultado. Depois de 2005, ainda batemos na trave umas tantas vezes. Pode parecer masoquismo, mas foi bom.
Desde então, as derrotas – muitas vezes marcadas por grandes arrancadas, grandes campanhas, times de qualidade – foram me deixando cascudo e resistente. Moldaram também um perfil de torcedores fieis ao São José que quem acompanha o futebol gaúcho só pelo prisma da dupla realmente não conhece. Parecia um ensaio para a abertura de uma nova etapa nessa paixão.
Domingo, eu não parei de gritar, e aqueles loucos atrás do gol muito menos, durante os 90 minutos do embate contra o Cruzeirinho. Eis que a gurizada ali dentro de campo finalmente devolveu essa devoção em forma de título em nosso estádio.
Eu não pensei duas vezes. Tinha de cumprir o prometido. Como bom supersticioso, tinha de me precaver de 100 anos de azar. Cumpri porque tenho certeza de que o maior papão de títulos da Capital em 2015 inaugurou uma nova era na sua história.
E que algum outro agora se encarregue de fazer promessa. Esse negócio cansa.