Feliz, muito feliz. Mais ainda. Luiz Carlos Winck, 52 anos, treinador do Lajeadense, que começa a decidir nesta segunda-feira, às 16h30min, contra o River, em Teresina, no Piauí, um posto na Série C do Campeonato Brasileiro, está radiante. Ele abre a entrevista sublinhado a sua felicidade.
- Nasceu a Helena. Não sei o que falar sobre ela. Só posso dizer que é um presente de Deus.
- Que legal, parabéns - saúdo.
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Pergunto.
- Primeiro filho?
- O quarto (risos). São três gurias e um guri. A família é o centro da minha vida.
Sua outra cria, paixão desde o ano passado, é o Lajeadense, da cidade do Vale do Taquari, aglomerado de 36 municípios assentados no centro do território gaúcho, abrigo de quase 350 mil almas. O time busca uma marca histórica, impensável anos atrás.
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Ao falar da sua equipe, formada e lapidada por ele em quase duas temporadas, o ex-lateral direito do Inter, do Grêmio, da Seleção, entre outros, tenta, mas não esconde a emoção. A voz ao celular troca de tom. Ele está emotivo. Eu posso entender.
- Poderemos estar na Série C no ano que vem, mais perto da Série B, em 2017. O passo é gigantesco. Merecemos o apoio de toda a comunidade nessa hora.
- Todos entendem o progresso?
- Não. É minha grande queixa. A região não acordou. Nosso estádio (Arena Alviazul, casa de 8 mil pessoas, inaugurada em 2011) nunca lota. Temos um público fiel e animado, mas pequeno. O fã deve passar energia ao atleta que a devolve em seguida, com suor, esforço, bom futebol e vitórias.
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A culpa é da dupla Gre-Nal, que monopoliza os torcedores do Rio Grande do Sul. Os dois são imbatíveis. Conquistam fãs em todos os cantos, escudados pelas TVs. O Lajeadense fidelizou só 350 sócios na melhor fase da sua existência de 104 anos, um dos 25 clubes mais antigos do país.
- Sabe, às vezes eu fico indignado. Uso os exemplo do Brasil e do Pelotas, que têm grandes torcidas na Zona Sul. Eles apoiam suas equipes, primeiro os seus times, depois os outros, se for o caso. Todo mundo pode torcer gostar da Dupla, potências. Não vejo problema. Mas quando joga o time da comunidade, o apoio deve ser total. Não tem desculpa.
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Nos melhores sonhos de Winck, a decisão de volta com o River, marcado para o dia 18, às 19h, na sua cidade, será única.
- Imagino 7, talvez 8 mil pessoas. Não é possível que um jogo histórico não consiga lotar o nosso estádio. Minha esperança não morre nunca.
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A folha de pagamento da equipe de Winck não passa dos R$ 80 mil mensais. Certos jogadores ganham R$ 4 mil. Outros recebem R$ 2 mil. Seu grupo é composto por experientes e novatos, 10 foram formados no clube.
Desde o Gauchão, disputado no primeiro semestre deste ano, ele perdeu oito atletas, cinco eram titulares. O treinador pesquisou o mercado. Encontrou substitutos. Fez um grupo ao seu gosto, com uma média de idade que não supera os 24 anos.
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- Gosto de atacar. Como jogador (1981/1996), era agressivo. Não posso mudar minha cultura. Não dizem que uma equipe é a cara do seu treinador? Sou eu.
Do River, time que treinou em 2008, além de outros 13 em 16 anos de carreira, observa vídeos e estuda. A delegação gaúcha chegou na sexta-feira ao Nordeste, depois de percorrer mais de 3 mil quilômetros. Saiu dividida em dois grupos. Não havia passagens para todos no mesmo voo.
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- Tenho um olheiro na cidade. Não posso dizer quem é. Vamos dissecar o adversário e passar aos jogadores. Eles sabem que terão 30 mil torcedores do outro lado, no Estádio Albertão. Nós somos humildes e vamos chegando.
Caso supere as quartas de final da Série D, o Lajeadense chegará às semifinais e garantirá uma vaga na Série C, ao lado de três clubes: Botafogo-SP ou São Caetano (SP), Caldense (MG) ou Ypiranga (RS) e Operário (MT) ou Remo (PA).
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- Eu disse aos meus jogadores. O sonho está perto, vivo. Vamos?
Winck acha que tem uma missão.
- Quero ganhar. Quero vencer na carreira de treinador, ser reconhecido. Quando jogador, fui.
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Luiz Zini Pires
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