Thiago Pereira (Foto: Satiro Sodre/SSPress, Divulgação)
Natação
Após conquistar o título no Mundial em piscina curta de Doha, em dezembro, a natação brasileira chega ao Pan em grande fase. Os nadadores brasileiros habitualmente fazem bonito na competição, já que a maior força do planeta na modalidade, os EUA, levam seus times B masculino e feminino. A disputa de Toronto não servirá de classificação para o Rio em 2016, mesmo assim a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) considera a competição estratégica, principalmente para dar experiência a jovens promessas, como Matheus Santana e Brandon Pierry de Almeida.
- O cenário do Pan é parecido com o da Olimpíada. Tem a vila dos atletas, a convivência com competidores de outros países e o histórico de competições passadas - diz Ricardo de Moura, diretor executivo da CBDA.
Quase todos os principais nomes do país da modalidade estarão em no Canadá. Cesar Cielo, que optou por disputar apenas o Mundial de Kazan, em agosto, e destaques da maratona aquática como Poliana Okimoto, Ana Marcela Cunha e Allan do Carmo - a competição na Rússia poderá valer vaga extra para a Olimpíada - não vão a disputar o Pan.
Mayra Aguiar (Foto: Vasily Maximov/AFP)
Judô
Esporte individual com maior número de pódios olímpicos, o judô vai com força máxima para Toronto, incluindo a gaúcha Mayra Aguiar, atual campeão mundial (78kg), que busca o ouro inédito em Pan (foi prata no Rio 2007 e bronze em Guadalajara 2011). A ambição da CBJ é conquistar 14 medalhas, ou seja, uma para cada categoria no masculino e no feminino.
Na corrida para o Rio, o torneio no Canadá não conta pontos para o ranking que definirá o time de 2016. Mas do ponto de vista técnico, a disputa promete ser competitiva, sobretudo entre as mulheres. As brasileiras poderão encontrar pelo caminho adversárias do quilate da colombiana Yuri Alvear, tricampeã mundial dos médios (70kg), da americana Kayla Harrison (ouro em Londres na categoria 78kg) e da cubana Idalys Ortiz (+78kg), colecionadora de títulos em Olimpíada, Mundiais e Pan - além da argentina Paula Parreto (48kg) e da americana Marti Mallay (57kg), medalhista de bronze em 2012.
O Pan também servirá de teste da estrutura de preparação para os Jogos do Rio. A delegação brasileira já está concentrada em um hotel de Mangaratiba (RJ), cidade litorânea distante 105km do Rio. O local foi adaptado para treinos dos judocas, com a montagem de um dojô de 310m² na maior sala do centro de eventos do hotel. A ideia da CBJ é isolar os atletas durante a Olimpíada - cada judoca irá para a Vila dos Atletas somente dois dias antes de sua luta.
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Alexandre Paradeda e Lucas Aydos (Foto: Kiko Moura/Divulgação)
Vela
Metade das 10 classes do Pan-Americano não é olímpica _ é o caso, por exemplo, da snipe, representada em Toronto pela dupla gaúcha Alexandre Paradeda e Lucas Huyer Aydos, do Clube dos Jangadeiros. Nas outras cinco classes previstas na programação do Rio, não haverá disputa por vagas para os brasileiros na Olimpíada.
Seleção Brasileira Masculina de Vôlei (Foto: Alexandre Arruda/CBV, Divulgação)
Vôlei
Com os pés em julho de 2015, mas com os olhos em agosto de 2016. Pensando em conquista de medalhas nos 17º Jogos Pan-Americanos sem perder de vista as disputas que serão travadas daqui a pouco mais de um ano na Olimpíada do Rio, mais de 600 atletas brasileiros embarcam nos próximos dias para Toronto, no Canadá, com a meta de manter o país entre as três maiores forças esportivas das Américas.
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O mais importante evento poliesportivo das Américas será realizado de 10 a 26 de julho. Mas nem o Comitê Olímpico do Brasil (COB) faz questão de esconder: o Pan está em segundo plano na preparação para os Jogos de 2016. Isso porque a competição organizada sempre em anos pré-olímpicos - portanto, geralmente destinada à classificação de atletas para os Jogos que envolvem os países dos cinco continentes - não terá o mesmo papel de edições anteriores.
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Na condição de país-sede, o Brasil já tem vaga assegurada na maioria das modalidades previstas no programa da Olimpíada. Para os Jogos canadenses, conforme o diretor executivo de Esportes do COB, Marcus Vinicius Freire, cada confederação esportiva teve liberdade para montar suas equipes e estratégias.
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- Algumas levarão seus times principais, outros times B e outros jovens talentos para ganhar experiência internacional. A importância do Pan varia para cada atleta e modalidade - afirma Marcus Vinicius.
A proximidade de Mundiais e outras competições importantes do calendário internacional - os verdadeiros termômetros de desempenho para os atletas - também foram decisivas na montagem de equipes. No vôlei masculino, o técnico Bernadinho deverá escalar um time alternativo em Toronto, já que a fase final da Liga Mundial será disputada no Rio de Janeiro em meio ao Pan.
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Para algumas modalidades, no entanto, os Jogos do Canadá serão decisivos. Para a seleção de hóquei sobre grama masculino, o torneio pan-americano será vital. Para não repetir o fracasso da equipe feminina, que não obteve classificação para a Olimpíada, o time brasileiro terá de ficar entre os seis primeiros para conseguir a vaga no Rio.
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A canoagem slalom, o handebol e o hipismo também são modalidades classificatórias para atletas no Pan, mas o Brasil já tem assento garantido em 2016. Em outros esportes, como levantamento de peso, pentatlo moderno, taekwondo, tiro esportivo e triatlo, os Jogos de Toronto poderão garantir mais vagas na delegação olímpica.
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Os Jogos Pan-Americanos reunirão mais de 6 mil atletas de 42 países na disputa em 36 esportes e 52 modalidades.Apesar de mirar em 2016, o COB ambiciona superar em Toronto os 141 pódios de Guadalajara, quando o Brasil conquistou 48 medalhas de ouro, 35 de prata e 58 de bronze.
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Marcus Vinícius Freire, diretor executivo de Esportes do Comitê Olímpico do Brasil
A nossa meta é a mesma das duas últimas edições (Rio 2007 e Guadalajara 2011), em que obtivemos êxito: chegar entre os três primeiros países no total de medalhas em disputa nas modalidades olímpicas. Sem nunca esquecer de que o mais importante para a gente é o dia 5 de agosto de 2016, dia da cerimônia de abertura dos Jogos do Rio.
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Fabiana Murer (Foto: Facebook/Reprodução)
Atletismo
Carro-chefe do Brasil na história do Pan (é a modalidade com maior número de medalhas nas 16 edições anteriores dos Jogos), o atletismo tenta recuperar o prestígio depois do fraco desempenho na Olimpíada de 2012, quando nossos representantes deixaram Londres sem medalhas.
A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) convocou a maior delegação da história: serão 88 atletas em Toronto, ante os 60 de Guadalajara 2011 e os 85 do Rio 2007. Para o diretor técnico da entidade, José Haroldo Loureiro Gomes, o Arataca, embora as principais forças das Américas costumem levar equipes de segundo escalão para o Pan, desta vez a disputa no Canadá deverá servir de parâmetro para provas de velocidade e salto.
- Como o Pan será no Hemisfério Norte, em um país vizinho aos EUA, sem problemas de segurança e riscos à saúde, os americanos e os países do Caribe vão levar times fortes para Toronto. Cuba, por exemplo, vai com força total - afirma Arataca. - É mais fácil competir com atletas da Europa do que da América.
Mesmo com o Mundial de Pequim no horizonte - será disputado quase um mês depois do Pan -, o Brasil também levará o que tem de melhor à disposição, incluindo Fabiana Murer, eterna promessa de medalha olímpica no salto com vara. As exceções são Mauro Vinícius da Silva, o Duda, bicampeão mundial indoor no salto em distância, e o gaúcho Anderson Henriques, finalista nos 400m no Mundial de Moscou, em 2013. Ambos se recuperam de lesão. Os principais maratonistas do Brasil também não estarão no Canadá. Como a prova exige muito esforço dos atletas, Marilson Gomes dos Santos e Solonei Rocha da Silva serão preservados para a prova na China.
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- O caso do Cielo é especial, ele vem de algumas lesões. Além disso, trata-se de um campeão olímpico - explica Moura.
Alguns nadadores vão para a piscina do centro aquático de Toronto com metas pessoais. Thiago Pereira tentará superar Gustavo Borges como maior medalhista do Brasil na história dos Pans (tem 18 pódios em três edições dos Jogos, contra 19 do ex-nadador) e também o ex-ginasta cubano Erick López Ríos, que conquistou 22 medalhas.
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Mesmo assim, a Confederação Brasileira de Vela (CBVela) valoriza a presença dos velejadores no Canadá, principalmente de jovens como Martine Grael e Kahena Kunze, que poderão experimentar pela primeira vez a atmosfera de uma competição poliesportiva. Atual campeã mundial da classe 49erFX, a dupla de 24 anos é a maior esperança brasileira de ouro no ano que vem.
- O Pan-Americano é o mais importante evento regional da vela - afirma Nelson Horn Ilha, juiz internacional que estará em Toronto no papel de chefe do júri das regatas.
A equipe brasileira também será integrada por um peso pesado da vela mundial, Robert Scheidt, dono de cinco medalhas olímpico (dois ouros e uma prata na classe laser e uma prata e um bronze na star). Na história do Pan, o velejador de 42 anos soma dois ouros e duas pratas, todas na laser, classe que competirá na Baía da Guanabara em agosto de 2016.
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Garantidas em 2016 e desde já cotadas como favoritas ao tricampeonato olímpico em 2016, as seleções de vôlei masculino e feminino são naturalmente candidatas ao topo do pódio no Canadá. Mas o Pan não deverá ser prioridade para o Brasil.
O técnico Bernardinho levará um time B a Toronto. Isso porque a fase final da Liga Mundial será realizada em meio aos Jogos. A disputa no Maracanãzinho, no Rio, será o primeiro evento-teste deste ano para a Olimpíada, e a equipe não quer fazer feio em casa.
No feminino, em julho, haverá disputas preliminares do Grand Prix, mas o técnico José Roberto Guimarães ainda não decidiu o grupo que irá ao Canadá.
No vôlei de praia, o Brasil tem garantidas quatro vagas em 2016: duas para duplas femininas e outras duas para a chave masculina. A disputa doméstica é acirrada: seis duplas de mulheres e cinco de homens estão na corrida olímpica, um ranking da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para apontar os representantes do país no Rio.
O Pan não soma pontos nesse ranking, montado com base nos resultados dos nove principais torneios do Circuito Mundial (três major series, cinco grand slams e o Open do Rio), com possibilidade de descarte dos dois piores resultados.
Com menos chance de conquistar as vagas em 2016, Lili/Carolina Horta e Álvaro Filho/Vitor Felipe aceitaram o convite da CBV para tentar manter a hegemonia brasileira. Nas duas últimas edições do Pan, as duplas do país conquistaram o ouro nos dois naipes.
*ZHESPORTES