Chega ao fim nesta quarta-feira a edição 2015 da Copa do Nordeste. Independentemente de quem levante o troféu, Ceará ou Bahia, já temos um grande campeão: o futebol nordestino. Seguindo a evolução verificada desde a retomada definitiva da competição, em 2013, a Copa do Nordeste é sucesso em todos os níveis: técnico, organizacional, financeiro e de público. E isso não acontece por acaso.
Em um momento em que os rumos do futebol brasileiro são analisados, a Copa do Nordeste aparece como o futuro que já dá certo no presente. Em vez de clubes com grande torcida e história ficarem jogando estaduais deficitários por 20, 22 ou 25 datas, utilizam 12 datas para um torneio que arrecada muito dinheiro, aumenta a exposição de suas marcas para todo o Brasil, valorizando os clubes e seus jogadores e motiva os torcedores. É um sopro de otimismo diante do marasmo que vem sendo o primeiro semestre do futebol nacional.
Isso é possível porque a Copa do Nordeste é uma competição diferente dos outros regionais. Ao contrário de alguns torneio inventados e que soam artificiais, o Nordestão é percebido pelos torcedores como a vitória de uma região que é "marginalizada" pelo "sul". Isso ficou bem claro pelos insistentes apelos pela inclusão do Maranhão e Piauí, o que finalmente aconteceu neste ano e deu ainda mais a noção de representar totalmente a região. Na esteira dessa identificação, os organizadores da Copa do Nordeste criaram uma série de ações: uma identificação visual própria, uma taça que simboliza os estados da região, uma bola exclusiva, batizada de Asa Branca e uma música-tema.
Mas não é só isso. A Copa do Nordeste contou com a compreensão das federações de que seus estaduais estavam minando a força dos clubes. Os estaduais nordestinos estão no limite de geração de receitas e aquém da necessidade dos clubes. Assim, houve uma costura política para o retorno do regional, com cada parte cedendo um pouco: as federações abriram mão de metades de suas datas e a Liga do Nordeste (que gere o comercial do torneio) aceitou usar os estaduais como classificatório. Tudo com a anuência da CBF.
Havendo a demanda e o anseio do torcedor de toda uma região e estando tudo pacificado na conturbada relação CBF-federações-Liga do Nordeste-clubes, era tirar tudo do papel. Tudo isso somado faz a Copa do Nordeste arrecadar mais recursos a cada ano. Alguns clubes recebem mais para jogar uma partida do torneio regional do que recebem na Série B do Brasileiro. Sem contar os clubes de menor orçamento, cujo o valor recebido na disputa da Copa equivalente a mais de 90% de toda a receita anual.
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