"Eu estou emocionado", me disse ao pé do ouvido o jovem Orlando Luz, tão logo conquistou o bicampeonato nos 18 anos masculino do Internacional Juvenil de Tênis de Porto Alegre, no domingo passado, na Associação Leopoldina Juvenil. Não era para menos. O garoto, 17 anos, acabara de ser aplaudido, de pé, por todos que lotaram as arquibancadas da principal quadra do clube, e saudado em uníssono com o "Bicampeão! Bicampeão!". Ao ganhar do americano William Blumberg, encerrou uma semana com seis vitórias na simples, perdendo um único set, "sobrando" em quadra, com deixadinhas, winners e talento.
Orlandinho, como é chamado por aqueles que o viram jogar ainda menino, mostrou estar maduro para enfrentar um dos momentos mais desafiantes (e difíceis) daqueles que sonham em chegar ao estrelato do esporte: a transição do juvenil para profissional. A trajetória deste gaúcho de Carazinho no Campeonato Internacional Juvenil de Porto Alegre, antes chamado de Copa Gerdau, reflete sua caminhada nas quadras por onde anda. Foi campeão de simples do torneio na categoria dos 12 anos, em 2010, bi nos 14 anos, em 2011 e 2012, e bi nos 18 anos, em 2014 e 2015. Não venceu nos 16 anos, porque "pulou" a categoria.
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Neste ano, ao conquistar o bi nos 18 anos, Orlando Luz mostrou estar maduro para encarar a transição para o profissional. Na principal quadra do Juvenil, a mesma que recebeu Thomaz Koch, Edson Mandarino, Guga Kuerten e tantos outros nomes do tênis internacional, o garoto de Carazinho apresentou seu tênis, jogou munhequeiras para a torcida, deu autógrafos, posou para "selfies" e respondeu todas as perguntas dos jornalistas. Será o substituto do Guga? Essa resposta ninguém tem. O próprio Orlandinho sabe que tudo o que conquistou até o momento não lhe garante um futuro promissor no circuito onde hoje brilham Djokovic, Federer e Nadal.
Credenciado para seguir frente, Orlando está. Mas ele, seu técnico, Patrício Arnold, e os demais integrantes de sua equipe bem sabem que muitos talentosos juvenis não tiveram sucesso na transição para o profissional. Uma lesão prematura, uma cabeça mal orientada ou a falta de determinação deram fim a quem poderia ter sido. Alguns craques da raquete, no entanto, mostraram que tal transição é possível. Que Orlando Luz se junte a eles.