Assim, olhando com olhar de quem está degustando uma cervejinha no final de uma tarde quente do verão gaúcho, a Libertadores de 2015 é a mais equilibrada dos últimos 10 anos.
Do lado brasileiro, todos os cinco participantes já venceram a competição: Cruzeiro (duas), São Paulo (três), Inter (duas), Corinthians (uma) e Atlético-MG (uma). Do lado argentino, apenas o Huracán nunca ergueu a taça mais cobiçada das Américas. Dos times argentinos já garantidos, River Plate já venceu duas vezes, enquanto San Lorenzo e Racing ganharam uma vez cada, enquanto o Boca Juniors tem seis títulos. Falta definir entre Estudiantes (quatro taças) e Vélez (uma copa).
Enquanto peço uma porção de bolinhos de bacalhau, penso que o Inter é o time brasileiro que se reforçou melhor para enfrentar a tradição argentina e as zebras que a Libertadores apresenta a cada edição. No papel, até agora, os adversários locais do Inter se movimentaram no mercado com mais perdas do que ganhos. No Cruzeiro, saíram Nilton, Marcelo Moreno, Ricardo Goulart, Egídio, Dagoberto, Borges e Samúdio. Chegaram Fabiano (Chapecoense), Joel (Coritiba), Damião, o chileno Seymour, que estava na segunda divisão italiana, o colombiano Riasco e o uruguaio que o Inter pretendia, De Arrascaeta.
O São Paulo, que perdeu Kaká, contratou Bruno, Carlinhos, Daniel (Botafogo) e Thiago Mendes (Goiás). O Corinthians contratou Edilson, Cristian e Mendoza, colombiano que estava na Índia. E o Atlético-MG, que perdeu Réver, Guilherme, Filipe Souto e viu Diego Tardelli ir para a China, reforçou-se com Lucas Pratto, do Vélez, e nomes bem mais modestos: Cesinha (Bragantino) e Danilo Pires (Santa Cruz), além da volta de Patric e Giovani Augusto.
Pedi a saideira, e o garçom me avisa que o Colorado não perdeu nenhum titular. Nenhum! E chegaram jogadores com carteirinha de titular: o lateral direito Léo, o zagueiro Réver, o volante Nilton e o atacante Vitinho. Com as caras novas, somadas ao bom grupo que Abel Braga já tinha - e não soube muito bem o que fazer com ele -, o uruguaio Diego Aguirre não pode se queixar.
O Inter tem time e grupo. E, por isso, também tem credenciais para vencer a Libertadores de 2015, a mais difícil da década. Se isso acontecer, o Inter manterá ainda um título simbólico: o de time brasileiro que mais venceu a competição neste milênio.