Repórteres da Rádio Gaúcha se passaram por turistas para testar os principais serviços que serão oferecidos aos turistas estrangeiros durante a Copa do Mundo em Porto Alegre. Veja as impressões de Igor Carrasco sobre o transporte público até a zona sul da Capital:
Eu comecei o teste no Centro de Porto Alegre, na esquina da Avenida Borges de Medeiros com a Salgado Filho. Decidi fazer a avaliação assumindo o personagem de um turista jovem - que é quem geralmente depende mais do transporte público das cidades.
Minha primeira medida ao chegar por lá foi procurar algum lugar para me informar sobre qual ônibus tomar. Não tinha. No Centro, cada placa dos pontos finais mostra só a qual linha corresponde: nada de trajetos ou mapas. Nesse sentido, quem vier para cá vai depender de aplicativos de celular (que existem e funcionam bem) ou da boa vontade de pessoas que encontrar na rua.
Parti para o contato com as pessoas que estavam por lá. Encontrei um sujeito perto das paradas de ônibus e o abordei em inglês. Apesar de não saber falar inglês, ele teve muito boa vontade. Vale aqui fazer uma interrupção: o nível de informação sobre pontos turísticos não é ruim só para o turista que não fala português! O morador da Capital que me ajudou teve que perguntar para várias pessoas, incluindo mais de um motorista de ônibus/lotação.
Depois de algumas perguntas, o meu novo amigo do Centro me posicionou na parada do ônibus Serraria. Antes, um motorista de lotação falou que era possível pegar a linha Ipanema/Guarujá. Como foi essa que passou primeiro, ataquei o veículo. Aqui, mais uma observação: nem todos os países do mundo requerem que você faça sinal para conseguir pegar o transporte público. Mas ok. Subi no lotação e aí começaram meus problemas.
O motorista não falava uma palavra de inglês. Só que dentro do lotação, não consegui contar com a boa vontade que meu amigo da Salgado Filho dispensou. Nem tentou compreender minhas mímicas, nem buscou alguém de dentro do veículo que pudesse me ajudar. Não entendendo nada de português, eu presumi que ele estava me ajudando de alguma forma e ia me avisar onde descer. Inclusive, pedi isso. Dentro da lotação, nenhum dos outros passageiros tentou resolver a situação.
Sem o aviso do motorista, acabei descendo na praia, mas no Guarujá - ponto final da linha. Aí, veio o primeiro sinal de comunicação não-verbal (aquele recurso tão importante quando ninguém se entende falando): um sinal apontando a direção da praia de Ipanema, e a orientação de "vai costeando".
Costeei, portanto, e vinte minutos de caminho deserto (porém lindo! Não sabia que Porto Alegre tinha aquela estrutura na beira do Guaíba) acabei em Ipanema.
Foi onde consegui dois bons exemplos de como atender um turista, apesar da barreira do idioma. O primeiro foi o garçom de um bar em que escolhi entrar por ser bem na beira do calçadão. Não saber português? Não tem problema. Com bom humor, alguma mímica e uma dose cavalar de boa vontade de quem me atendia, consegui uma cerveja.
Saindo do bar, o outro bom exemplo veio da Brigada Militar. Policiais, como sempre estão bem identificados como autoridades, são muitas vezes a salvação do turista. Perguntei como pegar um ônibus para o centro e consegui as primeiras palavras em inglês: "street name" Serraria e "bus name" Serraria. A direção veio com a boa e velha mímica.
E assim, consegui voltar ao centro!