Amanhã, 4 de maio, completa-se 65 anos de uma tragédia da qual a Itália ainda não se recuperou completamente. No retorno de um amistoso em Lisboa, o avião que transportava a delegação do Torino, melhor time do país à época, chocou-se contra a basílica de Superga, matando toda a delegação.
A tragédia foi tão forte e marcou tanto o calcio que a seleção italiana abriu mão de viajar ao Brasil no ano seguinte de avião. O time veio para cá disputar a Copa do Mundo de 1950 a bordo de um navio. E todos lembrando dos craques que partiram naquela noite nublada, cheia de cerração, que atrapalhou o piloto.
Nomes como o goleiro Bacigalupo, o zagueiro Ballarin, os meias Rigamonti e Castigliano e os atacantes Menti e Ossola. Além, claro, de Valentino Mazzola, o melhor jogador italiano da época, capitão do time. O homem que moldou o time que fez 100 gols na temporada. Aquele Torino era tão bom, tão forte e tão vencedor que ganhou o apelido de Grande Torino. Formavam a base da squadra azzurra.
Entre 1942 e o fatídico ano, sempre ficaram entre os três primeiros. Em sete anos, cinco conquistas (em 1945, no auge da Guerra, não houve campeonato). A última delas, inclusive, com um toque humanitário.
Faltavam ainda quatro rodadas para o fim do campeonato quando ocorreu a tragédia. Para não abandonar, simplesmente, o campeonato, a direção decidiu escalar uma equipe de jovens. E os adversários, em homenagem, também mandaram a campo seus times de base para os jogos contra o Toro. A equipe conseguiu a pontuação que faltava e nem precisou ser "campeão simbólico", como a Federação Italiana chegou a oferecer.
A basílica de Superga, um das mais belas atrações de Turim, é um daqueles lugares em que o ar fica mais pesado, criando um ambiente diferente. Tipo o que dizem de Auschwitz. Ou da casa de Anne Frank. Visível de quase toda a cidade, ela simboliza uma época que o Torino jamais reviveu. Mas dá força para sua fanática torcida, capaz de juntar 50 mil pessoas em uma passeata de protesto.
E que hoje, celebra um time que, ainda que não seja brilhante, faz reviver o sonho de uma nova conquista.
Forza, vecchio cuore granata.
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