Se para o campeão olímpico Arthur Zanetti a situação na ginástica brasileira está ruim, para Jade Barbosa ela é ainda é pior. Enquanto o ouro em Londres reclama da falta de estrutura, a atleta dispensada pelo Flamengo em março ainda não tem um clube e treina provisoriamente no Centro de Excelência em Ginástica (Cegin), em Curitiba (PR), desde o início do mês, ao lado de Daniele Hypolito, que também era do Rubro-Negro.
Com a mudança de cidade, Jade se afastou das conversas com o Flamengo, que deve ainda quatro meses de salário. Agora, quem acompanha o caso é seu pai.
Ela, que tem dois bronzes em mundiais, está desde segunda em Três Rios (RJ), onde fica até sábado para um período de treinos com 20 ginastas organizado pela Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) que visa a preparação para os torneios desta temporada.
Segundo o técnico ucraniano Oleg Ostapenko, Jade chegou ao Cegin fora de forma. Ele acredita que ela estará em nível de competição em cerca de dois meses.
- Quase dois meses parada. É como se estivesse começando a temporada agora - lamenta a atleta.
A ida para Curitiba foi costurada após um contato da mãe de Daniele Hypolito, Geni, com a supervisora técnica do Cegin, Eliane Martins. O clube oferece apenas a estrutura para treinos e moradia, sem pagar salários, mas, segundo a dirigente, há conversas com o governo do Estado e com patrocinadores para que elas sejam pagas e possam treinar na cidade até 2016.
Oleg Ostapenko lamenta situação de ginastas
O técnico ucraniano Oleg Ostapenko, que comandou a Seleção de 2002 a 2008, lamentou a atual situação da ginástica brasileira. Para ele, situações como as vividas pela equipe do Flamengo e por Arthur Zanetti ameaçam até a possibilidade de o Brasil conquistar uma medalha na Rio-2016.
- Isso é muito ruim, não entendo isso com a Olimpíada próxima. Todos os países já estão treinando, em ginásio bons. A Seleção precisa treinar junto - falou.
O técnico disse que não pensa em voltar a comandar a equipe, pois já não suportaria mais o ritmo de treinos e competições.
- Estou um pouco cansado, tenho problema de saúde também e isso pode atrapalhar na Seleção - afirmou.
Em ritmo com as ponderações de Ostapenko, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) anunciou que já começou a distribuir os novos equipamentos de ginástica, na quarta-feira. Seis clubes já receberam cerca de 70 aparelhos.