A decisão está anunciada para este domingo em Kiev, na Ucrânia. Terá o mesmo público arrebatado, cores e cantos e, no campo, sem dúvida, o melhor futebol deste semestre: Itália, promovida ontem, com vitória de 2 a 1 sobre a Alemanha, e Espanha, dos pênaltis contra Portugal. Na diferença das duas classificações não há nada que possa ser antecipado. Vai ser um jogo igual.
Ontem em Varsóvia, os alemães de Joachim Löw não foram surpreendidos pela Itália de Cesare Prandelli. Nem Mario Balotelli, o negro camisa 9 italiano, deu uma cabeçada, no primeiro gol, e um chute prodigioso, num desfecho de contra-ataque no segundo gol, que não tivesse tentado antes - e o fez pela insistência e a margem de acerto e erro dessas conclusões.
A Itália ganhou ressurgindo de um futebol até então carregado de defesa e poucas saídas para uma ação coletiva de marcar o campo inteiro, o tempo todo, e trocar passes e sair jogando com velocidade e insistente ambição ofensiva. Um equilíbrio que começou a salvar o futebol italiano da mesmice, da repetição e da falta de ambição. Como bons italianos - cujo canto fervoroso do hino já prenunciava: aquela seria uma seleção com destemor, sanguínea -, não se jogaram ao ataque, chegaram naturalmente.
Os dois gols dessa semifinal, que quebraram a incapacidade de espanhóis e portugueses na véspera, também desarticularam os planos alemães. Jogar de igual para igual, como seria inevitável, mas sem escore negativo, era o que mais queria a Alemanha. O método infalível da insistência e ocupação das iniciativas poderia ser mais uma vez favorável.
Se a Itália não tivesse além da surpresa de Balotelli também um esquema de jogo que abrangia todo o campo, a começar pela área sensível dos alemães e de qualquer seleção bem apetrechada, talvez mesmo os gols fossem secundários e poderiam ser desfeitos. Mas ele estavam involucrados nessa ação coletiva italiana, foram duas maravilhas numa semifinal de Eurocopa, justificadas por uma ação coletiva de equilíbrio apoiadas num excelente trabalho defensivo (a base da zaga é da Juventus, campeã invicta da Itália, o goleiro Buffon, os zagueiros Bonucci, Barzagli e Chiellini, que atua de lateral-esquerdo, e esse é o princípio insuperável da coesão de um time, mais ainda de uma seleção). A grande contribuição do técnico Cesare Prandelli.
As outras amplas virtudes italianas para a decisão de domingo são um goleiro como poucos já conseguiram ser goleiros, Gianluigi Buffon, impecável debaixo da goleira, decidido nas saídas de gol, um líbero atrás de zagueiros atentos; dois médios que assumiram praticamente o campo e o jogo, o inigualável Pirlo do passe justo depois da roubada de bola, e o talentoso De Rossi, pauteiro das melhores jogadas; Cassano, inteligentíssimo, e, claro, o nosso Balotelli, das rupturas. Isso para citar apenas alguns.
Não sei quem pode vencer a Eurocopa, o futebol sempre teve suas prerrogativas. Mas ucranianos e poloneses, e nós que assistiremos pela TV, já ganham todas nesse domingo.