Relembrando o estilo de jogo que lhe rendeu o título da Eurocopa de 2004, a Grécia surpreendeu a favorita Rússia, venceu por 1 a 0 e passou para as quartas de final do torneio continental novamente.
Os russos, que precisavam apenas de um empate para se classificar, acabaram sendo eliminados após fazerem duas boas exibições no torneio.
Com bastante paciência e sabendo usar o pouco tempo de posse de bola, os gregos foram muito bem na parte defensiva e nos contra-ataques, tendo como principal válvula de escape o atacante Samaras, jogando como uma espécie de ponta esquerda.
Aos russos, fica a lamentação pelo excesso de preciosismo, principalmente no primeiro tempo quando foram superiores ao adversário.
PRIMEIRA ETAPA
A Rússia começou o jogo lenta, enquanto os gregos pareciam a 100km/h. Karagounis e Samaras tiveram chances decentes de abrir o placar antes dos russos entrarem finalmente no seu ritmo.
E esse ritmo é quase mortal. Com boa pegada no meio de campo, a Rússia mal deixou os gregos jogarem a partir do nono minuto. Dzagoev e Arshavin desarmavam os meias adversários com muita facilidade, iniciando inúmeras jogadas.
No entanto, o excesso de capricho atrapalhou. As tentativas de tabelinhas, jogadas de efeito e toques de letra acabaram fazendo com que a resistência grega fosse possível.
Sem conseguir jogar, a única válvula de escape grega era Samaras. O atacante do Celtic, jogando pelo lado esquerdo, conseguiu algumas boas chances, como no cruzamento na direção de Gekas.
Mesmo assim, os russos dominaram a primeira etapa, forçando o erro do adversário a todo momento.
Irônico, portanto, que o único gol da etapa inicial tenha saído de um equívoco russo. Ignashevich se enrola ao receber bola da lateral, é desarmado por Karagounis, que avança e chuta entre as pernas de Malafeev para abrir o placar.
Mesmo com o "injusto" placar adverso, os russos seguiam se classificando no intervalo, por conta do empate parcial no outro jogo do grupo, entre Polônia e República Tcheca.
SEGUNDO TEMPO
Como não poderia deixar de ser, os russos começaram a etapa complementar ainda atordoados com o gol inesperado. Os gregos aproveitaram e iniciaram de forma mais competitiva, tendo chances com Katsouranis e Samaras, sempre ele.
Aos poucos, os russos, que tiraram o péssimo Kerzhakov para colocar Pavlyuchenko, entraram no jogo. Com um envolvente toque de bola, a Rússia chegou ao gol grego com poucas dificuldades mas, novamente, o excesso de preciosismo atrapalhou.
Com Samaras inspirado pela esquerda, os gregos conseguiam seus esporádicos contra-ataques. Porém, foi em um lance pela direita, a jogada mais perigosa da Grécia.
Karagounis driblou dois russos, chegou à área livre, mas preferiu forçar o passe no centro para Gekas, ao invés de presentar Samaras, na entrada da área. Os russos sorriram e facilmente interviram, tirando a possibilidade do 2 a 0.
Enquanto os gregos seguiam crescendo no jogo, a República Tcheca abriu o placar, eliminando provisoriamente a Rússia. E parece que a notícia chegou a Varsóvia, já que os russos passaram a jogar com um senso de urgência ainda maior.
O desespero do rival caiu como uma luva para a Grécia, que soube administrar a pressão, sendo perigosa nos contra-ataques e, sempre que teve a bola, conseguiu matar o tempo. Na grande chance do segundo tempo para os russos, Dzagoev colocou de cabeça para fora, após belo cruzamento de Arshavin.
No fim, lamentos da Rússia e alegria da Grécia.