Se Mano Menezes tinha alguma dúvida se levaria Hulk para os Jogos Olímpicos de Londres como um dos jogadores acima de 23 anos, ficou com a pulga atrás da orelha após a vitória deste sábado da Seleção Brasileira sobre a Dinamarca por 3 a 1. O atacante do Porto não deu tempo para os rivais respirarem, marcou dois gols, e ainda teve participação direta em mais um. Além de Hulk como goleador, a Seleção teve um Oscar que não sentiu o menor peso da mística da camisa 10.
O treinador tinha prometido que ia mudar alguns nomes para o amistoso que inicia a série de quatro jogos (pega ainda Estados Unidos, México e Argentina na sequência), mas que o esquema seria o mesmo. E cumpriu. A diferença foi que os jogadores se movimentaram, sabiam o que deveriam fazer com a bola.
Primeiro tempo
O Brasil começou fazendo pressão na marcação desde o início com os jogadores de ataque e os volantes Rômulo e Sandro bem adiantados. Apesar da chance da Dinamarca desperdiçada por Bendtner logo no início, era a equipe verde e amarela que comandava. Leandro Damião se movimentava bem para dar opções na frente e Lucas e Oscar faziam boas tabelas pela esquerda. Mas foi Hulk quem abriu o placar e deu ainda mais leveza ao time.
Ele recebeu bola na intermediária de ataque do Brasil, sentiu-se com a mesma liberdade que tem com a camisa azul e branca do Porto, e soltou uma bomba de 111km/h cheia de curva. Nenhuma chance para Sorensen, que até tentou defender. A Seleção então controlou o jogo. E cinco minutos depois saiu o segundo.
Oscar, que tinha dito que iria colocar a sua camisa número 10 em um quadro, poderá colocar na inscrição da moldura a bela jogada que fez. Entrou na área, driblou, e centrou para Hulk. Zimling foi mais rápido que o atacante, mas despachou a bola para dentro do gol de Sorensen.
Se o Brasil mantivesse o ritmo desses 12 minutos, iria devolver a goleada que sofreu para a Dinamarca por 4 a 0 em 1989 com muitos juros. Mas nesse momento diminuiu um pouco o ritmo. Teve até algumas chances, uma logo depois em lançamento para Damião, em que o goleiro foi mais rápido.
Da metade da etapa inicial até o terceiro gol do Brasil, a Dinamarca cresceu e criou boas chances. Simon Poulsen teve boa jogada de linha de fundo, Kahlenberg recebeu bom lançamento, Krohn-Dehli teve boa oportunidade após falha em corte de Danilo, mas ficou claro que a seleção escandinava precisa melhorar a pontaria para disputar a Eurocopa, ainda mais em um grupo tão difícil.
Então Hulk, que mostrava-se o mais disposto em campo, foi premiado após a valentia de Oscar. O apoiador desarmou e puxou o ataque rápido, tocou para o Incrível, que arrancou, limpou a jogada, esnobou a companhia de Leandro Damião, e chutou para fazer o terceiro e colocar de vez a pulga atrás da orelha de Mano Menezes, que deve ter indagado-se no momento: "Afinal, levou ou não esse rapaz para Londres?".
Segundo tempo
Na volta do intervalo, a Dinamarca mostrou mais ímpeto e que não era a presa fácil que mostrou-se no primeiro tempo. Logo no primeiro minuto, em jogada totalmente irregular, mas com impedimento ignorado pelo auxiliar, a bola chegou no zagueiro Agger, que furou e perdeu a chance.
Quem estava sumido e começou a aparecer na etapa final foi Marcelo. O jogo estava morno, parecia que os brasileiros estavam se poupando, por causa do cansaço. Os que jogam na Europa, vêm de uma temporada inteira, e alguns que atuam no Brasil jogaram na quarta-feira e encararam 15 horas de viagem. Os dois melhores lances dos primeiros minutos vieram dele.
Primeiro em um desarme com uma arrancada típica do jogador do Real Madrid, mas sem o desfecho esperado. E outra em boa jogada de linha de fundo, que Leandro Damião, que ficaria sumido no segundo tempo, não aproveitou.
A Dinamarca então se perguntou: "Ora, temos uma competição importante pela frente, eles estão se poupando, será que podemos ir para cima?". Então eles começaram a atacar com mais frequência e com mais qualidade, principalmente após a entrada do experiente Rommedahl.
O ponta direita do Brondby deu mais qualidade, mas ele sempre leva a bola até o limite do campo, e em duas oportunidades ele ultrapassou a linha de fundo. E foi do outro lado que saiu o gol.
Zimling, que tinha feito o gol contra, fez boa jogada dentro da área do lado esquerdo, tocou para Bendtner, que em posição irregular, mais uma vez ignorada pelo auxiliar, tirou de Jefferson e fez o gol.
Então Mano Menezes começou a mexer no time. No espaço de 17 minutos, entraram Alex Sandro, Rafael, Wellington Nem, Giuliano e Casemiro. Ninguém teve muito tempo para mostrar o que pode fazer, o Brasil acabou apenas por segurar os ataques da Dinamarca e levar o resultado. Apenas o atacante do Fluminense que teve boa chance pelo lado direito, mas não finalizou com perfeição. Ainda teve tempo para a entrada de Bruno Uvini, já nos acréscimos.
Ficha técnica
BRASIL 3X1 DINAMARCA
Local: Imtech Arena, Hamburgo (ALE)
Data/Hora: 26/05/2012, 10h30 (de Brasília)
Juiz: Felix Brych
Gols: Hulk (7'/1ºT), Zimling (contra, 12'/1ºT), Hulk (39'/1ºT), Bendtner (25'/2ºT)
Técnico: Mano Menezes
BRASIL: Jefferson, Danilo (Rafael, 26'/2ºT), Thiago Silva, Juan e Marcelo (Alex Sandro, 22'/2ºT); Sandro (Casemiro, 39'/2ºT), Rômulo, Oscar e Lucas (Giuliano, 37'/2ºT); Hulk (Bruno Uvini, 45'/2ºT) e Leandro Damião (Wellington Nem, 29'/2ºT). Técnico: Mano Menezes
DINAMARCA: Sorensen (Anderson, 24'/1ºT), Wass, Kjaer, Agger e Simon Poulsen; Schone (Kahlenberg, 24'/1ºT), Christian Poulsen (Jacob Poulsen, intervalo), Zimling e Eriksen (Rommedahl, 16'/2ºT); Krohn-Dehli e Bendtner. Técnico: Morten Olsen