O futebol boliviano está paralisado. A quinta rodada do campeonato nacional, que deveria ser realizada entre esta sexta-feira (16) e domingo, não será disputada. O anúncio da suspensão foi feito pela Federação Boliviana de Futebol (FBF), após os jogadores das 16 equipes da primeira divisão ameaçarem realizar greve.
A situação entre FBF, clubes e jogadores é tensa. Os atletas, através da Federação Sindical de Futebolistas Profissionais da Bolívia (Fabol), que é dirigida pelo ex-atacante David Paniagua, denunciam que uma decisão da FBF de criar um Tribunal Superior de Apelações (TSA) os deixa vulneráveis na relação com as equipes.
O TSA foi criado para ser uma espécie de última instância dentro do futebol boliviano, a fim de resolver questões jurídicas entre clubes e jogadores. Esta corte passou a ser a responsável por lidar com questões como atraso no pagamento dos atletas e ocupou o lugar do Tribunal de Resolução e Disputas (TRD), que é reconhecido pela Fifa.
Desta forma, os jogadores representados pela Fabol e os capitães das equipes ameaçaram uma greve em março, que acabou contornada após acordo de que o TSA não seria mais levado em conta. Porém, a FBF não cumpriu o acerto, e os jogadores optaram por parar o futebol do país, mesmo que a associação que os representa não seja reconhecida pela entidade máxima do esporte local.
O futebol boliviano está envolvido em uma forte crise desde 2015, quando o então presidente da FBF e tesoureiro da Conmebol, Carlos Chávez, foi preso acusado de corrupção. Desde então, os dirigentes bolivianos brigam internamente pelo controle da FBF e da Liga de Futebol Profissional da Bolívia (LFPB).
Atualmente, a Federação Boliviana é presidida por Fernando Costa, 51 anos, que desde novembro do ano passado ocupa o cargo. Filho de pai boliviano e mãe argentina, ele nasceu em Corrientes e desde os seis anos reside na Bolívia.
Formado em Administração de Empresas, Costa ocupa o cargo de presidente da Universidade Tecnológica Boliviana (UTB) desde 2008 e também é o número 1 do Club Acuático Yungas, o primeiro parque aquático de La Paz. Desde 2015 está no comando do Always Ready, adversário de estreia do Inter na Libertadores. O clube estava em sérias dificuldades financeiras quando ele assumiu o comando e imediatamente deu um salto no futebol local, tirando o protagonismo de tradicionais como Bolívar, Blooming e The Strongest.
Com a morte do presidente da FBF, Cesar Luis Salinas Sinka, em julho de 2020, vítima de coronavírus, uma nova eleição foi chamada em novembro, e Fernando Costa venceu um pleito conturbado, que não contou com votos de clubes como Bolívar, Jorge Wilstermann, Oriente Petrolero, Blooming, Guabirá e Royal Pari, que acusaram de ilegal a eleição e acabaram expulsos do comitê executivo da FBF.
Eleito presidente da FBF até o final de outubro de 2022, quando se encerraria o mandato de Salinas, Fernando Costa deixou a presidência do Always Ready para seu filho Andrés Costa, 26 anos, que era o vice-presidente.
Apesar da crise e da greve no futebol boliviano, a Conmebol confirma que todas as partidas da Libertadores e da Copa Sul-Americana envolvendo times do país serão realizadas normalmente na próxima semana.