Depois da expectativa por um Gre-Nal pela América nas semifinais da Libertadores, o dia seguinte aos jogos de Grêmio e Inter pelas partidas de ida das quartas da competição continental trouxe o debate que o Rio Grande do Sul mais temia. Após as derrotas dos dois representantes gaúchos, qual deles tem a missão mais difícil na semana que vem, quando precisarão reverter os maus resultados dos primeiros confrontos?
Para ambos, avançar no torneio será algo inédito nessas condições. Nem o Grêmio nunca passou de fase depois de perder o jogo de ida em casa nem o Inter precisou superar uma derrota tão grande como o 2 a 0 para o Flamengo de quarta-feira (21). Assim, ambos abraçam-se em fatos semelhantes já vividos por si mesmos ou por outros para seguir acreditando.
No caso do Grêmio, uma virada semelhante ocorreu na Supercopa de 1989. Mas, ao longo dos anos, já deu mostras de que estar longe de Porto Alegre não o impede de arrancar grandes resultados, como as conquistas da Copa do Brasil de 1997 e 2001, quando deixou a Capital sem vantagem e buscou o troféu no Maracanã e no Morumbi. No do Inter, as lembranças mais claras remetem a 1997 e 2010. Na primeira, superou o Santos por 2 a 0 depois de perder pelo mesmo resultado na Vila Belmiro e ficou com a vaga para as quartas de final da Copa do Brasil nos pênaltis. Na segunda, na campanha do bi da Libertadores, perdeu para o Banfield por 3 a 1 na Argentina, mas buscou o 2 a 0 necessário no Beira-Rio.
Olhar para os adversários também pode dar um alento. Apesar da força que têm Palmeiras e Flamengo, ambos já perderam pelo resultado que a Dupla precisa. Os paulistas perderam em casa para o Corinthians por 1 a 0, os cariocas recentemente levaram 2 a 0 do Emelec e 3 a 0 do Bahia como visitante.
E há, também, a mística. Dênis Abrahão, diretor do Grêmio campeão da Copa do Brasil de 2001, acredita na virada:
— O Grêmio tem qualidade, joga para a frente, visa o gol. Precisa chutar mais de fora da área, ajustar o esquema para incluir mais os laterais, mas se jogar futebol, pode avançar. Precisa fazer um gol para mudar o ambiente. O torcedor está orgulhoso da equipe e pode crer na mística da camisa, na raça e lembrar que, na hora da verdade, a equipe se apresenta bem. A história do Grêmio mostra isso, a imortalidade. Pode acreditar até o final.
Do lado colorado, o ex-presidente Giovanni Luigi tem discurso parecido:
— Depois de que o Inter ganhou o Mundial do Barcelona, nada mais é impossível. Mas não é só isso. Acredito na força do estádio. O Beira-Rio tem sido um aliado da equipe. Essa simbiose torcida e jogadores melhora tudo. Atletas, comissão técnica, dirigentes, todos estão trabalhando bem, tenho certeza que os colorados estão orgulhosos e acreditam no trabalho. Se não confundirmos velocidade com afobação, temos condições de virar.
A fé ainda deixa os dois times vivos, mesmo sabendo do tamanho da façanha que precisam.