Em apenas quatro minutos, o sonho do Inter de conquistar o tricampeonato da América começou a desmoronar no gramado do Maracanã. Com dois gols de Bruno Henrique, no segundo tempo, aos 29 minutos e aos 33, o Flamengo fez 2 a 0 e abriu boa vantagem no jogo de ida das quartas de final da Libertadores. Na próxima quarta-feira (28), um Beira-Rio para quase 50 mil torcedores apoiará o Inter para a tentativa de voltar às semifinais do torneio. Para isso, o Colorado precisará devolver os 2 a 0, para levar a decisão para os pênaltis, ou ganhar a partida por três gols de diferença. Antes disso, porém, no domingo, o time reserva de Odair Hellmann enfrentará o Goiás, no Serra Dourada, pelo Brasileirão.
Diante de um Maracanã cheio e com a torcida adversária entusiasmada, o Inter adotou uma postura defensiva nos movimentos iniciais, enquanto que o Flamengo se postava quase todo no campo de ataque. Apesar do entusiasmo dos locais, o Inter conseguiu controlar bem as ações. Com Edenilson, que se recuperou em tempo da lesão muscular na coxa esquerda, e Rafael Sobis no lugar de Nico López, o Inter buscava encaixar um contra-ataque.
Ainda que o poderoso ataque do Flamengo não chegasse a pressionar, as chances de gols eram em vermelho e preto. Everton Ribeiro e Willian Arão tiveram as primeiras conclusões. Temendo a "Lei do Ex", a torcida carioca perseguia Paolo Guerrero a cada toque na bola – além de uma permanente marcação dupla em cima do camisa 9 colorado. O Flamengo tinha o controle da posse de bola, o Inter tentava construir ao menos uma jogada perigosa, em meio a provocações de lado a lado. Aos 18 minutos, com muito espaço para avançar desde o meio-campo, Bruno Henrique bateu de fora da área, no canto direito, e Lomba espalmou a escanteio. O Flamengo começava a crescer e a pressionar.
Sob os olhares do técnico da Seleção Brasileira, Tite, o Flamengo seguia avançando, enquanto que os ataques colorados não duravam mais do que alguns poucos segundos. Era quase um bate-e-volta. Aos 41 minutos, o melhor ataque do Inter. Patrick roubou a bola, passou para Uendel, que encontrou Guerrero. Na hora de chutar em gol, o peruano foi atrapalhado por um defensor do Flamengo, bateu mal, caiu, tentou cavar um pênalti, mas o árbitro chileno mandou a partida seguir. Já nos acréscimos, a Lei do Ex salvou o Inter. Gabigol recebeu dentro da área, tirou Cuesta e Moledo da jogada e, na entrada da pequena área, bateu no canto, e Marcelo Lomba fez uma grande defesa. O final do primeiro tempo chegou com o Inter fazendo o jogo que desejava no Maracanã.
No segundo tempo, logo no primeiro minuto, um pilhado Guerrero dividiu com Rafinha, entrou por cima, e recebeu o cartão amarelo. O clássico foi reiniciado com os nervos à flor da pele. Com Gerson no lugar de Arrascaeta, o Flamengo tentou ser suficientemente agressivo para tentar abrir o placar. Porém, com um jogo cadenciado e maduro – e catimbeiro, muitas vezes –, o Inter conseguia frear o ímpeto dos donos da casa, que passaram a ter dificuldades na criação.
Aos 15 minutos, Odair Hellmann mandou Wellington Silva a campo no lugar de Rafael Sobis. Em seguida, Nico López substituiu D'Alessandro – que se sacrificou, atuando quase como um volante, e marcando o tempo todo as subidas de Filipe Luís. Aos poucos, o Flamengo foi se enervando e precipitando jogadas. Willian Arão recebeu o terceiro cartão amarelo, por uma falta em Edenilson, e está fora do jogo de Porto Alegre.
Aos 29 minutos, porém, o Flamengo recebeu um presente dos deuses. Ou melhor, de Edenilson. O camisa 8 perdeu a bola na entrada da área carioca. Em três toques, Gerson surgiu na área colorada, Lomba e Bruno evitaram que ele chutasse a gol, mas o meia passou para Bruno Henrique, que bateu para o gol sem goleiro e fez o 1 a 0.
De repente, o sonho dourado do Inter começou a se transformar em pesadelo. Depois do primeiro erro, uma nova falha de marcação começou a traçar o destino colorado no jogo – e talvez na Libertadores. Bruno Henrique recebeu na área, com Cuesta marcando de longe, dominou e teve tempo de sobra pra ajeitar a bola, bater e vencer Lomba de novo: 2 a 0.
Restou ao Inter partir para o desespero. Aos 37, o árbitro chileno foi chamado pelo VAR, a fim de conferir um possível pênalti de Rodrigo Caio, mas entendeu que não houve a intenção ao bater com o braço na bola. O Inter esteve mais perto de sofrer o terceiro gol do que de descontar. Agora, resta um jogo épico no Beira-Rio para seguir sonhando com a Libertadores.