O defensor público federal João Chaves, que acompanhou neste sábado o retorno ao Brasil dos cinco torcedores corintianos que estavam presos na Bolívia, informou que eles não têm nenhuma pendência com a Justiça do país vizinho:
_ Os cinco [corintianos] estão absolvidos e não há nenhuma pendência com a Justiça boliviana.
Ele informou que a decisão se baseia no fato de não existirem provas do envolvimento deles com a morte do adolescente Kevin Espada, atingido por um sinalizador, durante um jogo entre o Corinthians e o San José, válido pela Taça Libertadores da América, em Oruro.
O defensor considera que a prisão foi "excessiva", mas avalia que não é possível caracterizá-la como ilegal.
_ A Justiça da Bolívia tem critérios próprios de prisões cautelares que devem ser avaliados dentro do contexto boliviano. É evidente que a prisão foi excessiva. Houve uma duração muito grande, especialmente porque desde o princípio estava demonstrada a ausência de prova _ declarou.
Os corintianos estavam presos na Bolívia desde fevereiro.
O Ministério da Justiça informou na noite da última sexta-feira que os torcedores retornariam ao Brasil hoje.
A decisão da Justiça boliviana libertou os últimos brasileiros, do grupo de 12 corintianos que estavam detidos no país. Sete torcedores voltaram ao Brasil no início de junho.
_ Eles entenderam que havia alguns indícios de que os cinco teriam posse de material explosivo e resíduo de pólvora na mão. Haveria uma pequena possibilidade de que eles tivessem envolvimento com o disparo _ explicou.
Apesar da compensação financeira feita pelo Sport Club Corinthians Paulista à família de Kevin, no valor de US$ 50 mil, a decisão não menciona essa questão, informou Chaves.
_ Talvez a ideia de uma reparação tenha sido importante para caracterizar uma condolência ou um sentimento de solidariedade do clube e de, certa forma, do povo brasileiro com a família da vítima _ declarou.
Menos de uma semana depois do incidente, um adolescente, sócio da Gaviões da Fiel (torcida organizada do Corinthians), apresentou-se à Justiça brasileira como autor do disparo do sinalizador.
O defensor explicou que pode haver um processo em uma das varas da Infância e Juventude de São Paulo, caso o Ministério Público paulista decida promover uma representação contra o adolescente.
_ O governo brasileiro se colocou à disposição para cooperar com a Justiça boliviana na produção de provas e na comunicação entre os órgãos judiciários de cada país, mas não é possível afirmar que vai haver processo _ complementou.