Córdoba amanheceu com um céu nublado e as ruas vazias. Por ser véspera de feriado nacional — no dia 2 de abril de 1982, iniciou a Guerra das Malvinas —, muitos comerciantes sequer abriram suas lojas. Mas o cenário para a noite desta terça-feira (2) promete se transformar graças à torcida do Belgrano, que se mobiliza para comprar os últimos ingressos para o jogo de estreia da Copa Sul-Americana, contra o Inter.
Embora a partida esteja agendada para o Estádio Mario Kempes, com capacidade para mais de 50 mil pessoas, foi no Estádio Gigante de Alberdi, a casa mais acanhada dos "Piratas", que a mobilização aconteceu nesta segunda (1°), com a formação de filas em frente à bilheteria.
Os ingressos apenas para o jogo contra o Inter custam 20 mil e 25 mil pesos (em torno de R$ 116 e R$ 145 na conversão). Mas o clube realizou uma promoção para os sócios, que podem adquirir um pacote para os três jogos como mandante na Sul-Americana por 27 mil e 40 mil pesos (R$ 157 e R$ 232).
— É bom para os torcedores que o jogo aconteça lá, porque o estádio é maior e cabem mais pessoas — avalia Laura Gómez.
— Mas aqui se vive outra vibração. E lá joga o Talleres (rival do Belgrano). Nossa casa é aqui e eu preferia jogar aqui — interrompe o filho dela, Santiago Cabrera, de 15 anos.
Apesar da reclamação sobre o local do jogo, Santiago está confiante em um bom resultado diante do Colorado, afinal a equipe aplicou uma goleada de 4 a 1 no Tigre, fora de casa, na última exibição pela Copa da Liga Argentina.
— Se o Belgrano jogar como se estivesse jogando contra uma equipe qualquer, sem se importar com a história do Inter, vai ganhar. Não digo que ganhará com autoridade, mas pode fazer 1 a 0 que está bom — completou.
A mesma confiança foi demonstrada por outro torcedor que, acompanhado do filho de cinco anos, buscava também garantir presença na arquibancada para o torneio continental.
— Estive vendo o Inter jogar e me parece bastante competitivo. Vai ser um duelo interessante porque os dois times têm um camisa 9. O nosso é Passerini, que tem o mesmo estilo de Vegetti (atualmente no Vasco). Aguenta muito as pancadas, sustenta a marcação e espera até que façam faltas nele. É o nosso goleador nesta temporada — comentou Jorge Liendo.
Outro ponto para a crença dos argentinos está na mudança de treinador. Com a chegada de Juan Cruz Real, a promessa é de um time mais vocacionado ao ataque.
— Não conhecia esse treinador. Contra o Tigre tirou o melhor da equipe, jogou bem e foi bastante ofensivo. Quando vi a escalação, não levei fé, mas depois ele me calou a boca — emendou Liendo.