Na Itália, existe um ditado que, adaptado ao futebol brasileiro, diria: "Em janeiro, todos são campeões". Era isso o que se pensava do Inter. Semifinalista da Libertadores de 2023, o time, que havia deixado ótimas impressões, manteve a maior parte do grupo, renovou com o técnico Eduardo Coudet e acrescentou grifes como Alario e Borré, mais à frente somadas a Thiago Maia e Fernando.
Os discursos todos caminhavam para um 2024 focado no Brasileirão, competição que o clube não vence há 45 anos. Uma equipe robusta, misturando experiência e juventude, gente acostumada a ganhar e jovens com fome de vitória. Só que veio o Gauchão, mais precisamente a semifinal, e tudo ruiu.
O time que jogou bem a primeira fase do Estadual se atrapalhou. O desempenho caiu. E não se recuperou nem sequer na Copa Sul-Americana. Agora, o Inter que começa o Brasileirão não é mais aquele da ilusão de janeiro, fevereiro e março. É o Inter da desconfiança.
Esse é o primeiro desafio da equipe. Superar o mau momento será importante para evitar uma crise maior. O presidente Alessandro Barcellos prometeu:
— O Brasileirão vai receber um olhar diferente e prioritário. A ideia é envolver o clube como todo, e a torcida. Queremos criar esse ambiente. Estamos montando uma equipe para enfrentar esse calendário. É óbvio que o Inter entra na Copa do Brasil e na Sul-Americana para ganhar, mas já vimos que tirar os titulares do Brasileirão pensando em recuperar mais na frente ou no segundo turno pode custar pontos importantes. Não vamos deixar. Queremos que campeonato seja disputado em 38 finais.
O clube bateu na trave algumas vezes. Mais precisamente, em três edições da versão pontos corridos entrou na última rodada ainda podendo ser campeão: 2005, 2009 e 2020. Também foi vice em 2006 e 2022.
Mas, para quem gosta de mística e coincidências, o colorado Lelê Bortholacci, comunicador do Grupo RBS, lembrou:
— Em 1979, o Gauchão também tinha sido ruim. E depois veio o Brasileirão invicto.
Para retomar o protagonismo nacional, vale, inclusive, superstição.