Neste começo de temporada do futebol brasileiro, não há dupla mais afinada do que Alan Patrick e Enner Valencia. São quatro gols do Inter que tiveram passe de um e conclusão do outro. É o maior número entre as equipes da Série A até o momento em 2024. A dobradinha é uma das principais armas coloradas para o Gre-Nal de domingo.
Contra Ypiranga e Novo Hamburgo, Alan Patrick fez gol com passe de Valencia. E contra o mesmo Novo Hamburgo e contra o Brasil de Pelotas, Valencia fez gol com passe de Alan Patrick. É inegável que a dupla se entende. E não é de hoje.
No ano passado, foram três passes do camisa 10 para o camisa 13 transformar em gol. Mesmo tendo chegado no meio do ano, o equatoriano respondeu por 33% das assistências de Alan Patrick em 2023.
Em 2024, as duplas mais próximas aos dois entre os clubes da Série A são: Kevin Andrade e Pikachu, do Fortaleza, Erick Farias e Lucas Barbosa, do Juventude, e Shaylon e Luiz Fernando, do Atlético-GO. Todos eles conseguiram três conexões para gol, segundo levantamento do Sofascore.
Valencia e Alan Patrick tentarão reeditar, no Gre-Nal, uma tradição do Inter. Historicamente, o clube tem duplas de ataque que se entendem bem, seja em clássicos ou em outras conquistas. Mesmo quando havia um trio ofensivo, muitas vezes o que ficou na boca do povo foram dois nomes.
Os mais antigos poderão lembrar de Larry e Bodinho, que carimbaram o então recém-inaugurado Estádio Olímpico. Depois, Valdomiro e Claudiomiro deram início aos títulos gaúchos e à era vitoriosa dos anos 1970. Na década seguinte, Nilson e Mauricio formaram o ataque que ganhou o Gre-Nal do Século.
Na virada do milênio, houve Fernandão e Rafael Sobis, a dupla que libertou o Inter. E por fim ainda teve Nilmar e Taison (e Nilmar e D'Alessandro, que não era bem atacante, mas muito ajudou na frente, e de certa forma se assemelha à atual Alan Patrick e Valencia). E nos anos 1990, o sopro de esperança colorada ficou com Fabiano e Christian.
A dupla que levou o time ao título do Gauchão de 1997 ficou marcada, mesmo, pelos Gre-Nais. Foram cinco gols em 1997, um no único clássico de 1998 e mais dois em 1999 quando jogaram juntos. Com essa autoridade, Christian está apto a avaliar a parceria Valencia-Alan Patrick:
— São dois grandes jogadores, que vêm fazendo um belo trabalho no clube, conquistando a confiança da torcida, e iniciaram o ano com força total. Essa dupla vem dando o que falar, um complementa o outro, Alan Patrick é mais cerebral, de visão de jogo, e Valencia é agudo, de velocidade, muita força. E é goleador.
De certa forma, enxerga uma semelhança entre Alan Patrick-Valencia e Fabiano-Christian. Principalmente na questão de um ser o complemento do outro. Enquanto Alan Patrick arma, Valencia decide. O histórico camisa 9 diz:
— Fabiano e eu éramos bem diferentes entre nós, nas características em campo. Ele era um cara de lado, muito forte, que preparava muito bem as jogadas. E eu era centroavante mais de área. Conseguimos criar uma dupla que até hoje é lembrada, isso é o que fica.
Alan Patrick e Valencia vão para seu segundo Gre-Nal. No primeiro, venceram por 3 a 2. Na frieza dos números, o gol do equatoriano não entrou para as estatísticas de assistência do camisa 10 porque teve rebote de Gabriel Grando em seu chute, que ele mesmo pegou e completou para a rede. Mas o passe foi certeiro, deixando o centroavante na cara do gol. Com três gols em clássicos, que disputa desde 2014, Alan Patrick sabe o peso do Gre-Nal, como declarou à Placar:
— Tenho certeza que é o maior clássico do Brasil. E do mundo, né? Se a gente for puxar aí, historicamente, com certeza o Gre-Nal vai estar entre os maiores clássicos do mundo porque divide um estado, a cidade. Na semana só se fala nisso. Os gaúchos também respiram futebol, isso potencializa ainda mais todo esse fanatismo, toda essa essa rivalidade.