A volta de Eduardo Coudet ao Beira-Rio foi de frustração para o Inter. Em jogo no qual dominou o Cuiabá no primeiro tempo, o Colorado sofreu com a expulsão de Mercado na etapa final e acabou derrotado por 2 a 1. A partida mostrou um ajuste feito pelo técnico argentino para aproveitar Alan Patrick na função de armador, mas ainda não conseguiu uma forma de potencializar Valencia no ataque.
A dúvida sobre o posicionamento de Alan Patrick vem desde o anúncio do retorno de Coudet ao Inter. Isso porque a forma de jogar do argentino dá uma exigência de intensidade aos quatro meio-campistas que o camisa 10 não costuma apresentar sem a bola.
Assim, a solução encontrada por Chacho foi escalar Alan Patrick adiantado como um atacante em sua estreia contra o Bragantino. Em Bragança Paulista, o camisa 10 executou esse posicionamento no primeiro tempo. Na etapa final, ele já ganhou maior liberdade para recuar e ser um armador.
Com uma semana inteira para treinar, Coudet aprimorou essa movimentação. Diante do Cuiabá, Alan Patrick se posicionou adiantado com Valencia no momento que o Inter defendia, mas teve total liberdade para recuar a funcionar como um armador na fase ofensiva.
O mapa de calor do jogo contra o Cuiabá mostra como Alan Patrick teve um posicionamento semelhante ao do empate com o Palmeiras, no último jogo sob o comando de Mano Menezes. Confira:
O Inter dominou o Cuiabá no primeiro tempo. O Colorado teve 80% da posse de bola e nove finalizações. Dessas, três foram no alvo, mas apenas Bustos conseguiu converter as chances criadas em gol. O Cuiabá empatou na sua única finalização no alvo. Principal atacante colorado, Valencia teve apenas uma oportunidade, em cabeceio após cruzamento de Bustos.
Como Alan Patrick tinha a liberdade para recuar para armar, Valencia se tornou o único atacante do Inter. Coudet até permitiu a Wanderson atualizar mais próximo da área com Renê ocupando o setor esquerdo, mas o camisa 11 não conseguir gerar volume ofensivo.
Já sem Aránguiz, jogador com mais toques na bola no primeiro tempo e primordial para o controle do jogo nos primeiros 45 minutos, o Inter diminuiu seu volume na etapa final. A expulsão de Mercado aumentou as dificuldades e o Cuiabá chegou à virada nos minutos finais com Deyverson.
O jogo 11 contra 11 mostrou que o Inter conseguiu executar alguns pontos fundamentais do modelo de jogo de Eduardo Coudet, como a valorização da posse, a precisão na troca de passes e a pressão pós-perda no campo de ataque. Alan Patrick pode ter um refresco defensivo e a liberdade para recuar a ser armador. No entanto, o argentino não conseguiu potencializar Valencia. Após o jogo, Chacho voltou a falar sobre sua preferência de jogar com dois atacantes, mas avaliou que o Inter teve um bom volume ofensivo mesmo tendo apenas Valencia na frente.
— Eu gosto de jogar com dois atacantes, vocês sabem disso, mas o Luiz (Adriano) teve apenas dois treinos e Pedro (Henrique) também estava voltando. Penso que Pedro pode ser um segundo atacante por presença física e altura. Não havia treinado com o Pedro por fora e sim como segundo atacante, mas tudo muda com a expulsão. Tendo o Valencia como nove de referência geramos muitas situações. Os laterais tiveram chance de gol, o Aránguiz teve, De Pena teve duas, Wanderson teve. Criamos para todos os jogadores ofensivos. Perder assim dói — avaliou.
O Inter agora terá pela frente o confronto com o River Plate pela Libertadores, na terça-feira. Em Buenos Aires, o Colorado dificilmente conseguirá ter o controle da posse de bola como teve diante do Cuiabá. Isso vai exigir de Coudet uma nova estratégia. Um novo desafio entre equilibrar o time e dar a Valencia uma parceria ofensiva.