Destaque do Colo-Colo, rival do Inter nesta terça-feira (28), o meia argentino Leonardo Gil tem experiências curiosas no futebol e relacionadas à dupla Gre-Nal. O jogador de 31 anos é considerado o cérebro do time chileno, adversário colorado pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana.
— Leonardo Gil é um dos jogadores mais importantes no esquema. Ele pode ser segundo volante ou meia de criação e ainda tem um chute de longa distância respeitável, sendo o responsável pelas cobranças de falta. O seu rendimento é fundamental para o desempenho ofensivo do Colo-Colo. Quando ele não joga bem, a equipe sente de forma notória — opina o jornalista Claudio Ortiz, do portal Chile 24 horas.
O meia destaca-se acima de tudo pelos passes decisivos. No total, em 20 jogos em 2022, o jogador marcou dois gols e deu seis assistências.
— Leonardo Gil é o grande pensador do time do Colo-Colo — completa o jornalista Rodrigo Fuentealba, do diário La Tercera.
Porém, antes de ser ovacionado pela torcida do Colo-Colo, Gil passou por "perrengues" nada glamourosos, como a odisseia para deixar o Oriente Médio, no início da pandemia. Em abril de 2020, quando o mundo começava a se preparar para conter o coronavírus, o argentino atuava ao lado do ex-goleiro do Grêmio, Marcelo Grohe, no Al-Ittihad, da Arábita Saudita. Na saga para voltar à Argentina, o meia praticamente morou por 10 dias no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, em situação vivida pelo personagem de Tom Hanks, no filme "O Terminal".
Ao lado de dois jogadores argentinos, Vittor e Guanca, que também atuavam na Arábia Saudita, Gil deixou o território saudita no dia 17 de abril, rumo à Alemanha, em um voo de repatriação providenciado pela embaixada alemã. No entanto, no aeroporto de Frankfurt, a companhia aérea não autorizou que os jogadores pegassem a conexão para São Paulo, pois, pelo fechamento das fronteiras, não haveria rota para o destino final, que era Buenos Aires.
Sem poder sair do terminal e também sem poder embarcar, os atletas foram obrigados a dormir no aeroporto.
— Precisávamos de autorização para pegar um voo privado de São Paulo a Buenos Aires. Infelizmente, tivemos de ficar na Alemanha. Chegamos com a ilusão de voltar à Argentina e cinco minutos antes de embarcar nos avisaram que a autorização não havia chegado — disse o meia, à época, à imprensa argentina.
Segundo o jogador, a companhia aérea alemã não permitia a viagem à capital paulista porque o destino final da viagem era Buenos Aires, e, como não haveria meios de transportes disponíveis do Brasil para a Argentina, devido ao fechamento de fronteiras, o protocolo da empresa impedia que o embarque fosse autorizado, ao menos que houvesse uma permissão especial das autoridades alemãs e brasileiras
Por questões burocráticas, a autorização demorou a chegar. Apenas 10 dias depois, no dia 27 de abril, após negociações entre os atletas e os governos de Alemanha, Argentina e Brasil, Leonardo Gil, Vittor, Guanca e os seus familiares conseguiram permissão para viajar rumo a São Paulo, de onde fretaram um avião com destino à capital argentina, dando fim a uma saga digna de filme.
No mesmo ano, após a retomada do futebol, Leonardo Gil acertou com o Vasco da Gama, onde não teve uma boa passagem. Na derrota para o Inter, por 2 a 0, em São Januário, válida pela antepenúltima rodada do Brasileirão, o meia foi muito criticado pela torcida vascaína por conta de uma falha grotesca. Na jogada do segundo gol colorado, o jogador, por alguma razão, parou em campo e desistiu de marcar o atacante Peglow, que ficou livre para progredir e dar o passe para Thiago Galhardo marcar o gol. O resultado acabou sendo decisivo para o rebaixamento vascaíno para a Série B e, por pouco, não rendeu o título brasileiro aos colorados.
Hoje, pouco mais de um ano depois, Leornado Gil reencontrou o bom futebol no Colo-Colo e é uma das apostas do time chileno para o jogo contra o Inter, nesta terça (28), às 21h30min, no Estádio Monumental, em Santiago, pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa Sul-Americana.