Mano Menezes, no Sala de Redação, afirmou ser bem difícil definir "titulares e reservas" no atual momento do Inter. Mas na lateral direita, não há dúvida: entre os jogadores de linha, a equipe começa por Fabricio Bustos. O argentino, desde que chegou, atuou em todas as últimas 15 partidas da equipe. E nas 14 mais recentes, ficou do início ao fim. Dos 1.350 minutos possíveis, prestou serviços, em campo, por 1.336.
Mas não é só sua capacidade física que tem chamado a atenção desde 3 de março, quando estreou. As estatísticas apontam para um bom rendimento. Somando os jogos de Brasileirão e Copa Sul-Americana, ele lidera dois itens entre os jogadores do grupo colorado: é quem mais acertou passes e quem mais desarmou. E é o vice-líder em rebatidas. Entre os aspectos ofensivos, foi responsável por duas assistências.
O treinador até brincou sobre sua condição na entrevista após o jogo contra o Avaí. O lateral havia terminado a partida mancando e o técnico foi perguntado se seria uma preocupação para o jogo seguinte:
— É argentino. Não pode sentir essas dorzinhas poucas aí e não jogar, vai estar à disposição no jogo que vem (risos). Brincadeira. Não tínhamos mais alteração para fazer naquele momento, pois já tínhamos feito as cinco. Então, contamos com a entrega e a superação do jogador. Um comportamento importante dele.
Mais do que a questão física e a dedicação, que Bustos já mostrou, ele passará a ser peça-chave no modelo ofensivo colorado. Mano elaborou uma variação na saída de bola que o permitirá fazer parte da segunda linha da equipe, aberto pela direita no meio-campo.
Em resumo, os dois zagueiros terão a companhia de Renê para dar início às jogadas ofensivas que começarem no campo de defesa. A partir daí, o time terá Rodrigo Dourado, à frente dele Edenilson e Alan Patrick centralizados, com De Pena pela esquerda e Bustos pela direita. A ideia é dar o que se costuma chamar de "amplitude", ou seja, alargar o tempo. O conceito básico do ataque é que quanto mais amplo e profundo está um time, por consequência, o outro estará mais aberto e espaçado.
A força ofensiva, aliás, é o ponto de maior elogio dado pelo ex-lateral-direito colorado João Carlos, campeão brasileiro invicto em 1979. Para ele, o jogador demonstrou força, ímpeto e qualidade na criação das jogadas.
— Para não dizer que não tem nada, acho que às vezes ele pode ser um pouquinho menos afoito. Mas dos laterais recentes, é de longe o mais afirmado — opinou.
Se na frente está seu maior mérito, é na parte defensiva que precisa redobrar a atenção. Seja por característica própria ou até por formação da equipe, por vezes fica desprotegido. Esse ponto é ressaltado pelas estatísticas. Por mais que seja um lateral ofensivo, a prova da sobrecarga defensiva está em seu desempenho defensivo. Trata-se do jogador colorado que mais desarmou entre todos os que entraram em campo por Brasileirão e Copa Sul-Americana. No ranking de rebatidas, ocupa o segundo lugar.
— Precisa arrumar uma forma de ou ele mesmo apurar esse quesito ou de o Mano encontrar um sistema que dê mais equilíbrio para que não sofra tanto. Mas reforço: é só um ajuste para facilitar o trabalho, porque é o melhor lateral — finaliza João Caralos.
Às 19h deste sábado, Bustos irá para o 16º jogo seguido no Inter. E, se tudo der certo, para mais 90 minutos.
Números pelo Inter
- 15 jogos
- 1.336 minutos
- 2 assistências
Desempenho
- 446 passes certos (líder do time)
- 17 desarmes (líder do time)
- 4 cruzamentos certos
- 45 rebatidas (2º do time)
- 6 faltas recebidas
- 4 faltas cometidas
*Incluídos Brasileirão e Copa Sul-Americana