Fazia um Gre-Nal de distância que o Inter não jogava tão bem como nesta quarta-feira. Desde o clássico 434, do Brasileirão, o time devia uma atuação que empolgasse os torcedores a ponto de sair do Beira-Rio lamentando ter sido "só" 1 a 0 a vitória em cima do Grêmio. O resultado, aliado ao desempenho, deixa também a pergunta: por que não joga sempre assim?
O técnico Alexander Medina tentou responder:
— Esse é o nosso desafio. Claro que outros jogos não têm o mesmo peso para a rivalidade. E precisaremos planejar, levando em conta as particularidades dos jogos, dos estádios, dos ambientes. Claro, se jogarmos sempre como hoje, teremos coisas boas no ano.
Liziero também admitiu que um clássico tem mais "peso", criando uma espécie de motivação extra:
— A gente sabia da importância do jogo. A atmosfera é diferente. Não vínhamos desempenhando bem. O professor está tentando passar as suas ideias e aos poucos estamos pegando.
O volante, que ganhou sequência e deve ser efetivado como titular ao lado de Gabriel, após vários elogios do treinador, completou:
— Me senti bem. É um jogo de muita motivação. Tivemos controle o jogo inteiro. Estamos pegando confiança. O time desempenhou um bom papel. Temos um base e temos de continuar assim.
A vitória trouxe um sentimento que só um Gre-Nal é capaz de prover. A alta cúpula colorada, o presidente Alessandro Barcellos, o vice de futebol Emílio Papaléo, e outros dirigentes acompanharam a coletiva, novamente presencial. Medina foi sincero ao explicar o que isso tudo significou:
— Foram dias duros, complicados. Mas, como treinador, não posso ouvir nem ver nada. Faz mal, baixa a autoestima, perdemos confiança. Fizemos o contrário. A direção me respaldou. Infelizmente Paulo (Bracks, ex-executivo de futebol) saiu, quero dedicar a ele a vitória, passamos momentos difíceis. Assim como sabemos que os jogadores estavam comprometidos e que o trabalho vem sendo bem feito. Agradeço à direção por acreditar, confiar, vejo que aqui há um projeto. Digo: se os jogadores não estivessem acreditando, eu sairia. Mas eles estão. No futebol, lamentavelmente, precisamos ter paciência. Estou convencido de que teremos um Inter forte para o ano.
O treinador falou também sobre o ambiente no vestiário. Segundo ele, o clima entre jogadores e comissão "é muito bom". E isso, enfim, refletiu-se na mudança do comportamento da torcida, que começou a partida vaiando e terminou aplaudindo:
— Mas não tínhamos bons resultados nem desempenho. Claro que não gosto de que a torcida fique contra os jogadores, até porque aumenta a pressão. E é difícil recuperar isso de um jogo para o outro. Tomara que, no próximo jogo, a torcida nos apoie já desde os primeiros minutos, isso ajuda. Trabalhamos a parte psicológica para conseguir dar a volta por cima e ser aplaudido. Moisés, Edenilson e Cuesta, que vinham sendo vaiados, fizeram uma grande partida. Que seja o início de uma aproximação entre torcedores e jogadores.
O Inter vai a Bagé no final de semana com alguns desfalques. Taison e Wesley Moraes estão suspensos. A tendência é de que outros atletas sejam poupados. O Guarany já está rebaixado, mas as chances de o Inter terminar a fase inicial na liderança passam por uma goleada aliada a uma vitória do Grêmio sobre o Ypiranga.