O Beira-Rio sedia, nesta quinta à noite, a partida atrasada da 19ª rodada do Brasileirão. Inter e Bragantino se enfrentam a partir das 20h em um confronto direto pelo G-6, o grupo que se classificaria para a próxima Libertadores. Uma vitória colorada o faz saltar duas posições terminando a noite em quinto, com o mesmo número de jogos dos principais adversários, o próprio Bragantino e o Corinthians. Mas ingressar nessa zona não tem sido tarefa fácil.
Será a terceira vez que o Inter entrará em campo sabendo, de fato, que uma vitória simples lhe dará um lugar no G-6. Nas outras duas, não conseguiu o resultado que precisava. A última chance havia sido no próprio domingo passado, quando vencer o Palmeiras lhe faria saltar para o quarto lugar. Mas veio a derrota e a permanência na sétima posição. Ao todo, foram sete rodadas em que alcançar, pelo menos, o sexto lugar foi possível. Nesta noite, vai ser a primeira que depende exclusivamente de si jogando no Beira-Rio, onde está invicto desde 31 de julho. A força das arquibancadas tem sido uma aliada, e Taison, em entrevista aos canais do clube, pediu apoio:
— Quero provar que sou capaz de fazer o Inter brigar por títulos novamente. Meus companheiros e eu estamos focados. Quinta temos mais uma oportunidade de mostrar que somos fortes. Com eles, muito mais. Que venham nos apoiar.
Entre os colorados, ao menos no discurso externo, não se nota apreensão por entrar ou não no G-6. É consenso de que não se trata de algo que abale o psicológico, enerve os atletas. As vezes nas quais os resultados não vieram são tratadas com normalidade (derrotas para Atlético-MG e Palmeiras, ambas fora de casa). Mas internamente todos sabem que há um peso.
— Tem uma pressão, sim, pelo objetivo de dormir no G-6. O time entra com um peso a mais, até pela torcida. Preferia jogar contra um time maior, porque contra times menores os torcedores esperavam que a vitória viria naturalmente e dava problema. Não é o caso do Bragantino, uma equipe que mostra competitividade e talento, com grandes resultados. Mas existe o peso, sim. Todos querem entrar na zona de classificação e alcançar objetivos — aponta o ex-lateral-esquerdo Chiquinho, atual treinador, que viveu situações assim durante sua passagem pelo Inter no início dos anos 2000.
Há um fator que pode ajudar a diminuir a pressão. Dos semifinalistas da Copa do Brasil, cujas partidas de ida terminaram ontem após o encerramento desta edição, apenas o Athletico-PR não está entre os primeiros do Brasileirão. Além disso, os paranaenses estão na final da Sul-Americana, e enfrentarão coincidentemente o Bragantino. Na Libertadores, a decisão também é brasileira, entre Flamengo e Atlético-MG, atuais líder e vice do Brasileirão. Assim, a tendência é de que o campeonato nacional abra até nove vagas para a Libertadores 2022.
Mas é fundamental estar na principal competição do continente. Não só pelo prestígio, mas também pelo dinheiro. Estar na Libertadores, na fase de grupos, significa receber US$ 3 milhões (quase R$ 17 milhões) apenas para entrar em campo. Na Sul-Americana, o pagamento é de 30%, portanto cerca de R$ 5 milhões para as seis partidas da chave. Em um clube com reconhecidas dificuldades financeiras, estar na Libertadores ajudará a recuperar os cofres. Isso sem contar a premiação do próprio Brasileirão: quanto mais alto na tabela, mais dinheiro.
Há, portanto, muito em jogo nessa metade final do Brasileirão.
As chances que o Inter teve de entrar no G-6
Fez a parte dele, mas resultados paralelos não ajudaram
21ª rodada — Inter 1x0 Fortaleza — Na primeira oportunidade, o Inter ficou algumas horas do domingo (19/9) no G-6 depois de bater o Fortaleza por 1 a 0 no Beira-Rio, com gol de Edenilson nos acréscimos. Mas o empate do Corinthians com o América-MG, à noite, o tirou da zona da Libertadores
22ª rodada — Inter 2x0 Bahia — O Corinthians havia jogado e ganhado do Palmeiras na noite de sábado, então o Inter já entrou em campo no domingo (26/9) sabendo que, mesmo vencendo, não conseguiria ingressar no G-6
25ª rodada — Inter 5x2 Chapecoense — Novamente, a vitória na manhã de domingo (10/10) serviu apenas para permanecer na porta do grupo de classificação. No sábado, o Bragantino havia cravado posição ao vencer o Palmeiras
26ª rodada — Inter 3x1 América-MG — Foi um caso em que todos os rivais diretos pela posição venceram seus jogos. O Inter entrou em campo na quarta-feira (13/10) já sabendo que só ingressaria no G-6 se o Corinthians não ganhasse depois do Fluminense. Na noite anterior, o Bragantino havia superado o Atlético-GO
Só dependia de si, mas não venceu
23ª rodada — Atlético-MG 1x0 Inter — Bragantino e Corinthians empataram em 2 a 2 no jogo das 19h de sábado (2/10), um resultado paralelo perfeito. Na partida das 21h, porém, o Inter perdeu para o Atlético-MG no Mineirão e ficou de fora do G-6
24ª rodada — Ceará 0x0 Inter — O empate no Castelão, apesar de ter dado um ponto, tirou a chance de entrar na zona da Libertadores. A vitória no jogo das 19h de quarta-feira (6/10) teria bastado, já que o Bragantino empatou com o Flamengo em partida iniciada às 20h30min do mesmo dia
27ª rodada — Palmeiras 1x0 Inter — Se tivesse ganhado na tarde do último domingo, o Inter teria ultrapassado o próprio Palmeiras e ingressado não apenas no G-6, mas no G-4 (que garante vaga direta na fase de grupo da Libertadores), fechando a rodada na 4ª colocação. Isso porque, no jogo das 18h15min, o Bragantino permitiu o empate do Ceará após estar vencendo por 2 a 0, e o Corinthians perdeu para o São Paulo na noite de segunda-feira