A vitória foi conquistada, mas o Inter sofreu diante do Fortaleza. Após a partida, questionado sobre a repetição do sistema com dois volantes posicionados à frente da área, Diego Aguirre não hesitou em defender a sua ideia.
A surpresa, no entanto, não se deu pela manutenção do modelo, mas pela justificativa dada pelo treinador, que apontou Rodrigo Dourado como o melhor armador do elenco.
— A dificuldade de criação não é porque jogamos com dois volantes. Tem alguém melhor no time para armar do que o Rodrigo Dourado? Ele tem muita qualidade. Hoje (domingo), jogaram Mauricio e Edenilson, jogadores que têm muita criação, mas também temos de medir o adversário. Sei que temos de melhorar, mas prefiro focalizar em todas as coisas positivas que estão acontecendo no Inter nos últimos tempos — analisou o uruguaio.
Certamente, a explicação de Aguirre está baseada em dados. E ela corresponde com os números — mas há ressalvas.
Volume
De acordo com o site Footstats, Dourado distribuiu 544 passes certos nos 14 jogos que realizou pelo Brasileirão — o que lhe dá uma média de 38,86 passes por jogo. Estes números são só inferiores a Moisés, que apresenta média de 39,92 passes por partida. Ao mesmo tempo, o volante erra muito menos passes: 41, contra 61 do lateral-esquerdo.
No SofaScore, outro site de estatísticas, levantamento semelhante é apresentado. O camisa 13 tem o maior índice de acerto de passes (87%), seguido de perto por Rodrigo Lindoso (86%) e Víctor Cuesta (84%). A questão é: quantas destas intervenções foram capazes de romper com as linhas de marcação do adversário?
Produção ofensiva
Até mesmo pela zona do campo em que atua, mais próximo da área de Daniel, o volante tem a missão de iniciar a construção ofensiva, aparecendo poucas vezes no campo do adversário. Por exemplo, o mesmo site apresenta que, na média de passes dados por Dourado, a maior parte é dada da linha intermediária para trás (20,3).
Outra estatística que evidencia a baixa participação ofensiva do volante é explicitada por algo que o SofaScore chama de passes-chave. Ou seja, aqueles que organizam uma chance viva de gol. Neste caso, Dourado tem média de 0,7 por rodada — números inferiores a Edenilson (1,8) e Taison (1,5), que atuam em posições mais adiantadas no esquema tático colorado.