A vitória de 1 a 0 sobre o Sport aproximou o Inter da zona de classificação para a Libertadores de 2022, mas deixou na torcida um receio por conta do desempenho da equipe. Esse sentimento acabou reforçado em razão do período de duas semanas que Diego Aguirre teve para preparar o time para o duelo no Recife. A atuação abaixo do esperado foi admitida até mesmo pelo treinador, que precisará fazer correções para receber o Fortaleza, no próximo domingo (19), no Beira-Rio.
Sem contar com o suspenso Rodrigo Dourado e o lesionado Taison, Aguirre promoveu uma alteração no sistema tático do Inter na Ilha do Retiro. Saiu o 4-2-3-1, adotado desde a goleada sobre o Flamengo, no Maracanã, e passou para o 4-1-4-1, com Edenilson ao lado de Maurício na linha atrás do centroavante Yuri Alberto. Essa mudança de posicionamento do camisa 8 abriu espaço para Caio Vidal ser titular pelo lado direito do ataque.
Esse setor direito foi um dos problemas colorados na partida. Mesmo que tenha participado da jogada do gol de Patrick, Caio Vidal não teve bom desempenho e acabou substituído por Paolo Guerrero no intervalo, o que fez Yuri Alberto passar a atuar como extrema pela direita. Edenilson chegou a ser deslocado para essa função por um curto momento até que o lateral Heitor entrou na reta final da partida, mais com uma opção defensiva para auxiliar Saravia na marcação.
— O jogo do Inter não encaixou no segundo tempo e a verdade é o que time gaúcho escapou de levar o empate. O Sport teve bola na trave com o Tréllez, o goleiro Daniel trabalhando muito. O Inter voltou para Porto Alegre com os três pontos, mas Diego Aguirre ainda segue em busca da formação ideal para encaixar da melhor forma as peças que dispõe — avalia o jornalista Filipe Duarte, responsável pelo Desenho Tático, de GZH.
Com Dourado liberado após ter cumprido suspensão e com a possibilidade de Taison ficar à disposição, Aguirre irá fazer novas mudanças na equipe. Fica a dúvida se Dourado voltará a jogar ao lado de Lindoso ou se a ideia de ter Edenilson pela faixa central será mantida para o jogo contra o Fortaleza. O colunista de GZH, Filipe Gamba, porém, alerta que o nível de desempenho do Inter exige mudanças de Aguirre além da simples troca de nomes.
— (Contra o Sport) O time, mais uma vez, foi salvo pelo goleiro Daniel. Há jogadores que não estão bem tecnicamente: Moisés e Cuesta são alguns exemplos. Por mais que a ideia de iniciar a partida na Ilha do Retiro com Caio Vidal, talvez, fosse a apropriada para o momento, na prática ela se mostrou insuficiente em função de uma desorganização tática que acabou acentuando-se na segunda etapa com as mudanças promovidas pelo Aguirre. O futebol apresentado pelo Inter contra o penúltimo colocado do Brasileirão foi digno de preocupação. Para além do resultado, Aguirre tem sérios problemas para resolver na equipe, mas para isso precisará abandonar a zona de conforto, algo que quem tentou fazer teve vida curta no clube — analisa.
Se o nível das atuações não tem convencido, o Inter tem a seu favor a boa sequência no Brasileirão - são seis jogos sem derrota. Ex-lateral-direito colorado e atualmente treinador, Luiz Carlos Winck ressalta que fica mais fácil para a comissão técnica fazer mudanças na equipe quando o ambiente do vestiário está leve pela conquista de bons resultados.
— O ambiente de vitória te dá uma tranquilidade muito boa. Pela análise de desempenho que os clubes grandes têm atualmente, que são boas, o treinador pode pontuar erros dos atletas, mostrar e corrigir no dia a dia. Vai se corrigindo no treinamento e no jogo. Na derrota, você pode tirar um jogador do time e acaba parecendo que ele foi o culpado pelo resultado negativo. Com vitórias, as mudanças não causam isso. No final das contas, o resultado é o que vale e favorece para o trabalho — aponta.
Esse bom ambiente gerado pelas vitórias pode ser um trunfo para o Inter crescer de desempenho, o que deverá ser necessário para domingo, já que o Fortaleza, quarto colocado, é um adversário com condições de oferecer maiores dificuldades que o vice-lanterna Sport.