Pressionado pela proximidade da zona de rebaixamento do Brasileirão e sem vencer há duas partidas, o Inter pisou no gramado do Maracanã como o azarão da rodada. Não apenas por sua própria situação, mas também pela qualidade do adversário.
Afinal, se tratava do estrelado Flamengo, atual bicampeão nacional que, desde a chegada do técnico Renato Portaluppi, havia vencido suas sete partidas anteriores. Mas os comandados de Diego Aguirre resolveram presentear seu torcedor em um Dia dos Pais memorável.
E não foi apenas uma simples vitória, mas uma surpreendente goleada de 4 a 0, com três gols de Yuri Alberto e um de Taison, que balançou as redes pela primeira vez neste seu retorno ao clube do coração.
— Estou feliz primeiro pela vitória. A gente não vinha passando por um bom momento. Saímos fora de duas competições, Copa do Brasil e Libertadores, e sentimos bastante. Hoje (domingo), enfrentamos uma equipe que temos de dar os parabéns, que tem grandes jogadores e vai brigar pelo título. Então, estou feliz pela vitória e pelo gol — declarou o camisa 10, que comemorou com o punho cerrado para o alto, em protesto contra os atos racistas que sofreu nos tempos de Ucrânia.
Mas, se o gol marcado pelo ídolo colorado serviu como desabafo, o que dizer do goleador do domingo? Escolhido para iniciar a partida, depois de cumprir suspensão diante do Cuiabá, Yuri Alberto teve um aproveitamento quase perfeito diante do goleiro Diego Alves. Não à toa, levou a bola do jogo para a casa.
— Passa uma confiança muito grande. Foi uma noite especial para todos os colorados e para mim, que fiz três gols. A ficha não caiu ainda — declarou o goleador do domingo. — Foi melhor do que o esperado. É parabenizar o grupo todo pela entrega até o último minuto. Tivemos mais chances, poderíamos ter feito mais. Eu mesmo perdi um gol no primeiro tempo. Mas estou feliz pela vitória — completou ele.
Mas se a goleada faz o Inter levantar a cabeça outra vez, Aguirre fez questão de manter os pés no chão. Apesar de ter ingressado na zona de classificação da Copa Sul-Americana, o uruguaio relembrou as partidas anteriores quando a bola teimou em não entrar. Para ele, a diferença esteve na eficiência do ataque.
— É muito cedo para falar disso. Não estamos em uma situação na tabela para prometer nada. Conseguimos uma bela vitória. Agora temos de pensar é no próximo jogo. Temos que fazer uma bela semana de treinos. O espírito dos jogadores vai estar bem, mas de nada adianta a vitória de hoje (domingo) se não conseguirmos vencer em casa no próximo domingo. Foi uma vitória fora de casa, contra um grande rival, mas só isso — avaliou.
Estratégia
Aliás, é preciso ressaltar também os méritos do comandante colorado. Se o resultado fosse outro, Aguirre poderia ter visto o mundo cair sobre sua cabeça. Primeiro por barrar o zagueiro Gabriel Mercado, grande contratação da janela de transferências, até mesmo da viagem para o Rio. Depois, por ter escalado Rodrigo Lindoso, recheando o meio-campo.
No entanto, a estratégia foi executada de forma perfeita. Além da competência para estufar as redes flamenguistas, o que se viu foi uma defesa sólida que, quando superada, contou com o goleiro Daniel que, ao menos em três oportunidades, impediu que Gabigol e Bruno Henrique comemorassem. Sendo assim, é possível apontar uma sequência ao time titular?
— No futebol, não tem nada definitivo. Não significa que vamos jogar sempre assim. Pode ter variantes. Nos preparamos para este jogo difícil, botei um volante a mais para fechar espaços. Logicamente, respeitamos o Flamengo. O Lindoso teve uma atuação muito boa com o Rodrigo Dourado e pode ser uma opção tanto para jogar fora ou em casa. Não necessariamente, ao colocar um volante a mais, você deixa de ter uma opção na frente. Isso liberou o Edenilson, que é um craque, e ajudou o Patrick a render como ele pode. Os jogadores se sacrificaram e fizeram um grande jogo — sentenciou o treinador.
Depois de aliviar a pressão, o Inter precisará buscar nova sequência contra o Fluminense, no Beira-Rio, daqui uma semana. O desafio agora será manter o nível lá no alto.