É curioso, mas o Inter chega para enfrentar o último colocado do campeonato, que não venceu nenhum dos oito jogos que disputou, sem a condição de favorito absoluto. O Gre-Nal deste sábado se apresenta em um momento de dúvidas da equipe colorada, que fez dois pontos nos últimos quatro jogos, está sem vitórias em casa e levou gols em seus últimos sete compromissos.
Claro que Diego Aguirre não está pressionado, recém completou duas semanas no cargo, tem mais jogos do que treinos, mas recai sobre ele o peso de um time que perdeu o Gauchão, não venceu o Grêmio na temporada e se classificou, aos trancos, em um grupo considerado fácil na Libertadores. O treinador tem ao menos cinco missões urgentes para o clássico.
1) Definir o companheiro de Cuesta
Contratado há pouco e deslocado na estreia, Bruno Méndez deve ser o escolhido de Diego Aguirre para compor a zaga ao lado de Cuesta. Nos 45 minutos que o uruguaio jogou como lateral diante do São Paulo, sucumbiu, mas como zagueiro deixou uma impressão um pouco melhor. Como a ordem é reduzir as improvisações, o técnico deve optar por seu compatriota e formar uma dupla 100% estrangeira no clássico.
— Bruno é o típico jogador uruguaio, compromissado e focado. Não teve tantas oportunidades no Corinthians. Tem bom passe. Por ser jovem, sofre alguns problemas nas tomadas de decisão — diz o jornalista Rodrigo Vessoni, do portal Meu Timão.
2) Quem entra na vaga de Mauricio, lesionado?
A baixa do Inter para o clássico deve ser Mauricio. O meia, que vinha se destacando com Aguirre, teve uma lesão no tornozelo e está sendo reavaliado. A tendência, pelas palavras do treinador após o jogo de quarta, é que seja desfalque. Sem ele, Boschilia deve ganhar mais minutos. Ele tem recebido mais oportunidades após se recuperar de uma cirurgia nos ligamentos do joelho. Jogará o tempo que aguentar e depois, provavelmente, dará lugar a Taison, que também está em fase final de recuperação. Segundo o comunicador do Grupo RBS Lelê Bortholacci, o camisa 10 estará à disposição para disputar parte do Gre-Nal.
3) Quem serão os atacantes de lado?
Diante do São Paulo, as respostas dos jogadores que ocupam as beiradas do campo foram abaixo da crítica. Patrick não conseguiu dar andamento às jogadas e Caio Vidal, além de tudo, perdeu duas chances cara a cara com o goleiro. Por isso, não será surpresa se Aguirre promover uma troca. A possibilidade maior de alteração seria a entrada de Carlos Palacios, que retornou da Copa América, e entrou no segundo tempo na última partida. Outra alternativa é deslocar Yuri Alberto, mas não é uma tendência. Vale repetir: a ordem é evitar improvisações.
4) Yuri Alberto ou Galhardo
Yuri Alberto tem sido o preferido do técnico colorado para ser o comandante de ataque. Mais jovem do que seu concorrente (ele tem 20 anos, Galhardo, 31), é um jogador de mais explosão, imposição física. Tem as características que o treinador pedia em 2015, em sua primeira passagem. Galhardo, porém, é o artilheiro na temporada (10 gols a 8), e deu uma resposta razoável contra o São Paulo, com uma característica mais associativa, de buscar tabela e sair da área.
— Ainda que não esteja no melhor momento, o Inter precisa ter em Yuri o titular da posição. Suas características o colocam em vantagem na disputa com Galhardo. O desafio é encontrar as peças que estarão próximas a ele. Em várias partidas, o centroavante foi pouco participativo quando esteve isolado no ataque — aponta Marcelo De Bona, narrador da Rádio Gaúcha.
5) Sistema tático
Os times de Aguirre têm duas premissas: eles partem de uma linha de quatro jogadores na defesa e costumam contar com um centroavante. Entre elas, há duas variações. Uma é recuar um volante (Rodrigo Dourado) e montar outra linha com quatro atletas à frente dele, o que caracteriza o 4-1-4-1. A outra é adiantar um dos meias (ao mesmo tempo que recua um volante) e desenha um 4-4-1-1. A vantagem desses sistemas é que foram bastante utilizados por Abel Braga na temporada passada, além disso, podem ser trocados dentro do próprio jogo, bastando apenas alguns metros e comportamentos de Edenilson e Boschilia, por exemplo. Na apresentação, o treinador avisou que não tem no horizonte o desejo de formar uma defesa com cinco. Pelo contrário: com pouco tempo para treinar, o mais prudente é repetir o que já deu certo.