A cerração que caiu sobre o Beira-Rio prenunciou o que viria na madrugada de sexta-feira. A eliminação para o Vitória, na Copa do Brasil, balançou a estrutura do futebol do Inter e deve culminar na demissão de Miguel Ángel Ramírez. Mesmo afastado do convívio, por causa da covid-19, sua saída está em vias de ser confirmada.
O presidente Alessandro Barcellos afirmou que a responsabilidade é da direção. Segundo ele, o planejamento, obviamente, previa situações melhores, inclusive com as alterações no time propostas pela comissão técnica.
— Temos consciência de que o trabalho não está entregando como a gente tinha planejado. Quando isso ocorre, precisamos corrigir os erros — disse o mandatário colorado, completando: — Miguel é o nosso treinador. Infelizmente ele está convalescendo deste vírus, e não pôde nem ficar aqui conosco. Agora vamos sentar e analisar esse conjunto de questões que estamos enfrentando e que precisam ser resolvidos.
Taison assumiu o papel de capitão, pediu para falar e tomou para si os holofotes na hora difícil:
— O futebol faz coisas que a gente não acredita. Somos culpados pela eliminação. Estou aqui para defender meus companheiros. Eu sou culpado. Agora vamos pensar para a frente. Vamos ajudar o Pedro (Henrique), que é um menino, e foi expulso novamente. Estamos tristes pela eliminação. Vamos esquecer a Copa do Brasil e jogar pelo Brasileirão no domingo.
A alusão ao jovem zagueiro foi por sua expulsão, a segunda seguida. E ambas pela mesma razão: erguer o pé demais e acertar o adversário. Retomando seu papel de colorado, Taison tentou se colocar no papel da torcida:
— Torcedor tem todo o direito de nos criticar. A gente sabe o quanto sofrem, todos temos família também. Entendo o torcedor porque também sou um. Estou machucado, p. da vida. Aos torcedores que me pediram para voltar, peço que, se for para protestar, que seja para o bem, sem agressão, sem ameaça.
O capitão ainda tentou isentar, ou ao menos reduzir, a responsabilidade de Ramírez:
— A culpa não é só do mister. A culpa é nossa também. A gente treina para fazer as coisas e quando não funciona cai sempre no treinador. E não é assim.
Será uma sexta-feira de reavaliação. A situação de Ramírez seguirá sendo analisada. E ninguém poderá dizer que está surpreso se for realizada uma correção no caminho que passe pela demissão do treinador.