O Inter confirmou, nesta sexta-feira (11), a demissão do técnico Miguel Ángel Ramírez. Contratado em março de 2021 com a missão de mudar o modelo de jogo do Colorado, o treinador não resistiu à eliminação na Copa do Brasil diante do Vitória. Em 22 partidas, contando os jogos em que o auxiliar Martín Anselmi esteve na casamata no lugar de Ramírez, foram 11 vitórias, quatro empates e sete derrotas. O aproveitamento foi de 56%.
A mudança na comissão técnica tem sido algo frequente no Inter. Desde 2010, quando iniciou a temporada com o uruguaio Jorge Fossati, o Colorado teve 17 profissionais diferentes à frente do clube. Contando os profissionais que foram contratados mais de uma vez no período, foram 19 trocas de treinadores. Outra detalhe foram as alterações em meio à temporada: 12 no total.
Estrangeiros
Desde 2010, o Inter teve quatro técnicos estrangeiros. De comum a todos, a interrupção do trabalho em meio à temporada. No caso de Jorge Fossati, em 2010, nem mesmo a classificação à semifinal da Libertadores deu sobrevida ao técnico uruguaio. Para o seu lugar, Celso Roth foi chamado. Com o velho conhecido da torcida no comando, o Colorado garantiu o bicampeonato da principal competição da América.
Cinco anos depois, após não ter êxito na tentativa de contratar Tite, o Inter foi atrás de Diego Aguirre, ex-jogador do clube. O roteiro foi parecido. No caso de Aguirre, a demissão veio depois da desclassificação na semifinal da Libertadores, contra o Tigres, somada aos maus resultados no Brasileirão. O argentino Eduardo Coudet, que aceitou proposta do Celta de Vigo, e o espanhol Miguel Ángel Ramírez, foram os outros treinadores de fora que não conseguiram ter um trabalho duradouro no Rio Grande do Sul.
Figuras repetidas
Entre os 17 treinadores diferentes no período, três profissionais tiveram mais de uma oportunidade no Colorado. Celso Roth, depois de ser campeão da Libertadores, em 2010, voltou ao clube em 2016, na tentativa de salvar o Inter do rebaixamento, o que acabou não dando certo.
Ídolo máximo do Inter como jogador, Paulo Roberto Falcão foi o substituto de Roth em 2011. Após vencer o Gauchão sobre o Grêmio, no entanto, não resistiu à eliminação nas oitavas de final da Libertadores diante do Peñarol. Abel Braga voltou ao Colorado em 2014 para a sexta passagem pelo clube. Uma divergência com o presidente eleito Vitória Piffero fez com que fosse embora ao final da temporada. Retornou ao Inter em novembro de 2020, após saída de Coudet, e levou o Colorado ao vice-campeonato do Brasileirão. Além disso, se tornou o treinador com mais jogos no comando do time vermelho.
Únicos que concluíram a temporada
Nos últimos anos, apenas dois técnicos conseguiram ultrapassar toda a temporada à frente do Inter. Não à toa o Colorado não conquista um título de expressão desde 2011, quando venceu a Recopa Sul-Americana. Em relação ao Gauchão, são cinco anos sem levantar a taça, o que demonstra que a falta de convicção vem atrapalhando os resultados dentro de campo.
Apenas Abel Braga, em 2014, e Odair Hellmann, em 2018, permaneceram de janeiro a dezembro na casamata colorada. O primeiro venceu o Gauchão, foi eliminado na Sul-Americana e na Copa do Brasil, e terminou o ano classificado para a Libertadores. Saiu por conta do mau relacionamento com direção eleita. O segundo, em seu primeiro ano como treinador de uma equipe profissional, somou desclassificações no Gauchão e na Copa do Brasil, mas se recuperou com uma campanha surpreendente no Brasileirão, terminando na terceira colocação.
Rotatividade na comparação com os rivais
De janeiro de 2010 à junho de 2021, o Inter teve 19 trocas de técnicos. Na comparação com o maior rival, fica nítida a diferença de planejamento e também, é claro, de resultado. O Grêmio, no período, alterou o treinador em 11 oportunidades.
Flamengo e Palmeiras, equipes mais vencedoras do país nos últimos anos, trazem números que só mostram o quanto a vida dos treinadores no Brasil é caótica. Enquanto os paulistas tiveram 15 trocas, os cariocas bateram a marca de 22 mudanças no comando técnico.
Técnicos colorados no período
2010
Jorge Fossati e Celso Roth
2011
Celso Roth, Paulo Roberto Falcão e Dorival Júnior
2012
Dorival Júnior e Fernandão
2013
Dunga e Clemer
2014
Abel Braga
2015
Diego Aguirre e Argel Fucks
2016
Argel Fucks, Paulo Roberto Falcão, Celso Roth e Lisca
2017
Antônio Carlo Zago e Guto Ferreira
2018
Odair Hellmann
2019
Odair Hellmann e Zé Ricardo
2020
Eduardo Coudet e Abel Braga
2021
Miguel Ángel Ramírez