A estreia do Inter na Libertadores teve, nitidamente, o efeito de jogar a mais de 3,6 mil metros acima do nível do mar. Com dificuldades para implantar seu estilo, seja na troca de passes ou na marcação mais alta, o time de Miguel Ángel Ramírez foi derrotado pelo Always Ready, em La Paz, por 2 a 0. Com o resultado, precisará dar resposta imediata na próxima terça-feira (27), quando enfrenta o Táchira, em casa, pela segunda rodada.
Por mais que o técnico colorado tentasse reduzir os efeitos da altitude, em um discurso para causar um efeito psicológico positivo, a prática foi completamente diferente. Não houve qualquer naturalidade e os jogadores falaram sobre isso, ainda que cuidando para não resumir apenas ao ambiente o mau resultado da estreia.
— É minha primeira vez na altitude, a bola varia bastante, a respiração atrapalha, não vem o ar. Não é desculpa, não fizemos um bom jogo e temos que trabalhar — disse Mauricio.
Ramírez também admitiu que seu time sentiu os efeitos de La Paz, mas revelou uma questão diferente. Ele mesmo reconheceu ter sido surpreendido pelo Always Ready e atribuiu isso à chegada de Omar Asad, que reestreou na terça no time boliviano:
— Eles trocaram o treinador e imaginamos que seria mais difícil prever. Nossas informações, claro, foram baseadas também em suas passagens anteriores. Tivemos problemas e precisamos tomar decisões durante o jogo para tentar resolver. E demoramos a entender o que víamos. Explicamos no vestiário as mudanças, mas alguns desajustes prejudicaram.
Uma dessas mudanças foi a entrada de Lucas Ribeiro para fazer um misto de terceiro zagueiro e volante à frente da área, soltando um pouco mais Rodrigo Dourado. As saídas foram de Caio Vidal e Carlos Palacios, com ingresso de Yuri Alberto. A ideia era jogar com dois atacantes centralizados. Lucas Ribeiro ainda precisou sair pouco mais de 20 minutos depois, para a entrada de Nonato. O clube esclareceu que o jogador sentiu um desconforto no joelho. As demais trocas foram Praxedes e Rodinei. Patrick, desta forma, ficou todo o tempo no banco. Questionado sobre isso na entrevista coletiva, Ramírez explicou:
— Mudamos para sair sem extremas, sem pontas. Portanto, precisávamos de outro tipo de jogador. Foi apenas por isso que não entrou.
Agora, o desafio é evitar que essa derrota influencie na sequência da competição. Na terça-feira, o time volta a campo para enfrentar o Táchira, que venceu o Olimpia por 3 a 2. Uma vitória recolocaria o Inter em boa condição para avançar na fase de grupos.
— Estamos preocupados porque queríamos ganhar e já ficar com três pontos. Mas agora vamos para jogos em casa e temos de ficar com seis pontos para equilibrar e disputar as partidas que faltam — finalizou Ramírez.
Antes do Táchira, porém, haverá a última rodada do Gauchão. Ainda não estão confirmados o dia e o horário, mas a tendência é a de que seja sábado à noite o jogo contra o Esportivo. Já classificado, os colorados disputam apenas a possibilidade de terminar essa fase em primeiro lugar. Para isso, precisa vencer e torcer para que o Grêmio não ganhe do Ypiranga, fora de casa.